NA OCA
Trata do modo de vida das populações indígenas, seus conhecimentos e visões acerca do mundo, cultura e religião, oriundas de ocupações seculares das terras amazônicas, cultivando seu equilíbrio ecológico.
A cultura indígena é de grande valor cultural brasileiro: através de seus idiomas nativos, é possível que cada grupo étnico registre ao longo da história suas próprias tradições religiosas, músicas, lendas, dentre outros. Atualmente, há cerca de 170 línguas indígenas no Brasil, preservadas como importantes objetos de estudo na área da linguística. Por meio dessa área de estudo, é possível compreender como a cultura indígena influenciou nossa vida cotidiana, desde os tipos de alimentos até as palavras incorporadas à nossa língua e histórias populares (como “Naiá, a lenda da vitória régia”).
No entanto, há uma estimativa de que em 50 ou 100 anos as línguas nativas possam ser extintas. A professora Luciana Storto, do Departamento de Linguística da Universidade de São Paulo, afirma: “Nós perdemos uma grande diversidade e vamos perder mais ainda”. No Brasil, há uma variedade de línguas nativas, em torno de 37 famílias ou subfamílias linguísticas e mais oito línguas isoladas (não relacionadas a nenhuma outra), sendo o macro-jê e o tupi os maiores agrupamentos. Embora a população indígena no país tenha crescido, há cada vez menos falantes dessas línguas. No livro “Línguas indígenas: Tradição, universais e diversidade”, Luciana Storto explica que enquanto o atendimento à saúde e à alimentação tem melhorado entre os povos indígenas, o preconceito histórico com relação a essas populações dificulta sua inclusão, e os fazem acreditar que o abandono de suas terras, seja o caminho mais adequado para obtenção de fluência na língua portuguesa, na busca de uma vida melhor. Outro fator que influencia a extinção são os idiomas de transmissão oral, cujo conhecimento é passado de geração em geração. Quando os mais velhos deixam de utilizar determinada língua e as crianças param de aprender, acaba resultando no desaparecimento do idioma. Implementação na tecnologia Uma forma de combater a extinção dos idiomas nativos é a implementação deles na tecnologia. Sandalo coordenou a criação de um corpus digital para a língua indígena. O autor reúne algumas narrativas de povos indígenas, em arquivos sonoros e de texto, trazendo tradução de cada uma das palavras. Seus principais objetivos são servir para pesquisas linguísticas e para uso escolar. “O corpus é também um mecanismo de preservação de línguas”, afirma a coordenadora do projeto. Em 2008, também houve a criação do “Kanhgág Jógo”, o primeiro website totalmente em língua indígena no Brasil. Ademais, impossibilitar o uso da tecnologia como ferramenta a serviço da língua indígena aumenta a exclusão de povos nativos impedindo a troca de culturas. Em 2022, o Google Tradutor anunciou a inclusão de mais 24 idiomas nativos, como o guarani, o quíchua e o aimará. Segundo Isaac Caswell, engenheiro de software e pesquisador do Google, os idiomas foram incluídos com uso da tecnologia de modelo neural de inteligência artificial, que aprendeu os idiomas “do zero”. Ademais, foram consultados diversos representantes de várias comunidades para aperfeiçoar padrões linguísticos utilizados no algoritmo do Google Tradutor antes da liberação. Em suma, tem-se a conclusão de que embora tenha uma estimativa de que as línguas nativas desapareçam no tempo de 50 ou 100 anos, medidas já estão sendo tomadas por pesquisadores, como a inclusão de línguas indígenas em livros escolares a dicionários, de sites em idiomas indígenas a corpus linguísticos digitais. Com isso, espera-se a preservação da cultura de diversos grupos étnicos e um mundo mais inclusivo. REFERÊNCIAS MANSUR, GABRIEL. Google Tradutor inclui 24 novos idiomas, entre eles o guarani; entenda o motivo. oliberal.com. 11 mai 2022. Disponível em: <https://www.oliberal.com/curiosidades/google-tradutor-inclui-24-novos-idiomas-entre-eles-o-guarani-entenda-o-motivo-1.533885>. Acesso em: 12 fev. 2023. VERGANI, ARTHUR. Pela sobrevivência das línguas indígenas. pesquisaFAPESP. Edição 273. 13 mar. 2019. Disponível em: <https://revistapesquisa.fapesp.br/pela-sobrevivencia-das-linguas-indigenas/>. Acesso em: 12 fev. 2023. Por: Isabelle Cristine Furtado Assunção
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