A participação do Brasil nos conflitos geopolíticos da América do sul Nos últimos tempos, vem ocorrendo uma crescente tensão nas fronteiras do Brasil com outros países sul-americanos, Venezuela e Argentina, o que emerge preocupações sobre a estabilidade geopolítica na região e de que maneira esses conflitos podem afetar o País.
Por outro lado, o cenário Brasil e Peru mantêm uma Aliança Estratégica desde 2003. Entre os principais temas da agenda bilateral estão o adensamento dos laços econômico-comerciais, a integração fronteiriça, o aprimoramento da infraestrutura regional e a cooperação em diversas áreas, como segurança, combate ao narcotráfico, ciência, tecnologia e cooperação técnica. Já as relações com a Bolívia, prioritárias para o Brasil, abrangem iniciativas em áreas como cooperação energética, cooperação fronteiriça e combate a ilícitos transnacionais, bem como a articulação em foros regionais e globais. O território brasileiro confere importância geoestratégica às relações com a Bolívia, país com o qual compartilha sua maior fronteira (3.423 km) e a condição de país amazônico e platino. O vínculo entre Brasil e Colômbia vêm se fortalecendo nas últimas décadas, segundo o Ministério das Relações Exteriores, é a terceira maior economia da América do Sul. A Colômbia é um importante destino de investimentos brasileiro: cerca de 102 empresas brasileiras estão estabelecidas na Colômbia, atuando em segmentos bastante diversificados, como agronegócio, financeiro, cosméticos, infraestrutura, siderúrgico e Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Em 2015, foi assinado o Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI), ratificado pelo Brasil em abril de 2018, com o comércio bilateral refletindo a aproximação entre os dois países: o intercâmbio comercial entre Brasil e Colômbia alcançou US$ 4,53 bilhões em 2018, cerca de 15% superior ao registrado em 2017 (US$3,95 bi). Além disso, Brasil e Colômbia mantêm longo histórico de cooperação fronteiriça e vêm realizando reuniões da Comissão de Vizinhança e Integração, que teve início em 1994. O desenvolvimento fronteiriço tem apresentado avanços, com resultados tangíveis para a vida das comunidades de fronteira, a exemplo da concretização de projetos exitosos como o de capacitação de servidores públicos, em 2017, e de inclusão financeira, finalizado em 2019, promovidos na região de Tabatinga e de Leticia. O Uruguai é um dos principais parceiros do Brasil na América do Sul, com acordos tanto no âmbito bilateral quanto no Mercosul. No setor econômico, o Brasil é o segundo destino das exportações uruguaias e, de acordo com dados do Ministério da Economia, o Uruguai importa do Brasil a maioria dos produtos que consome. Em 2019, a corrente de comércio entre os países somou mais de US$ 3 bilhões, com superávit para o Brasil de US$ 1,2 bilhão. Como demonstração de iniciativas para mobilizar as atividades comerciais, em julho de 2019, foi firmado o acordo entre Brasil e Uruguai para evitar a dupla tributação em relação aos tributos sobre a renda e sobre o capital e prevenir a evasão e a elisão fiscais. A cooperação energética tem grande importância para os dois países, constituindo insumo para a política energética brasileira e fonte de renda para a Bolívia. Em 1999, as negociações culminaram na implantação do Gasoduto Bolívia-Brasil, que tem importante papel no aprofundamento das relações bilaterais e na criação de oportunidades de inserção econômica da Bolívia no MERCOSUL. Brasil e Paraguai são também parceiros no MERCOSUL: ambos membros plenos e fundadores do bloco que trabalham juntos na construção de um relacionamento mutuamente benéfico e equilibrado, sendo primordial para a realização dos objetivos de promover a integração política, econômica e física do continente O Paraguai cresceu 4,4% no ano de 2018, patamar acima da média regional, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). No mesmo ano, o Brasil absorveu mais de 30% do total das exportações paraguaias (considerada a energia de Itaipu não consumida pelo Paraguai e comprada pelo Brasil) e forneceu aproximadamente 22,5% de suas importações. O comércio exterior do Paraguai é altamente integrado e complementar ao dos países vizinhos, em especial ao do Brasil, que é tradicionalmente o principal parceiro comercial do Paraguai Os dois países possuem como prioridade conjunta o combate ao crime organizado transnacional. Cientes de que as organizações criminosas ultrapassam fronteiras, os Governos mantêm estreita cooperação nas áreas de segurança e inteligência. Devido a Venezuela enfrentar incertezas em sua democracia há muitos anos, a queda brusca do valor do barril do petróleo em 2014, além das várias sanções econômicas implantadas pelos Estados Unidos, agravando ainda mais a crise econômica e social na Venezuela. Em 2018, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), estima-se que o Brasil registrou um pouco mais de 4 milhões de solicitações de reconhecimento de condição de refugiado de nacionais da Venezuela. E para responder ao crescente fluxo de migrantes e refugiados venezuelanos que ingressavam no Brasil, foi estabelecida no mesmo ano a "Operação Acolhida", base da resposta humanitária brasileira. Essa força-tarefa previa que todos os migrantes e refugiados venezuelanos que adentraram em território brasileiro e se apresentaram a autoridades migratórias fossem documentados como residentes temporários ou iniciassem a solicitação de refúgio. Em 2023, a Venezuela, ao tentar adicionar a região de Essequibo, localizada na parte mais a oeste do território da Guiana, ocasionou uma crise internacional. A tensão diminuiu somente quando o presidente Nicolás Maduro e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, concordaram com a proibição do uso da força. Outra profunda crise econômica atinge a Argentina há anos, com altíssimas inflações. Recentemente, após as eleições, para conter a crise vigente, o novo presidente argentino, Javier Milei, remeteu ao Congresso Argentino um pacote onde declarava emergência pública e econômica, contudo essas medidas geraram revolta na população, o que ocasionou protestos em diversas cidades do território, além de embates com a polícia. A relação Brasil e Argentina provém de muitos anos, marcada por rivalidade e conflitos geopolíticos, apesar de diversas tentativas de aproximação. O Acordo Tripartite Itaipu-Corpus foi a assinatura de uma série de acordos, programas e projeto conjuntos que visavam desenvolver uma lógica cooperativa, que logo mais caracterizou-se como uma parceria estratégica. Em 1991, a intensificação dessa relação trouxe como consequência a formação do Mercado Comum do Sul e mais tarde diversas iniciativas surgiram, como a Integração da Infraestrutura Regional Sul-America (IIRSA), a Comunidade Sul-Americana de Nações (CASA/CSN) e a União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Sendo o Mercosul uma grande estrutura subnacional, possui uma importância substancial e que fortalece as relações comerciais do Brasil com outros países da América do Sul, destaca Thiago Oliveira Neto, professor mestre em Geografia pela UFAM. Os conflitos podem afetar as relações políticas internacionais que o Brasil possui, apesar da sua postura amplamente democrática, que evita ao máximo mais conflitos ou força militar desnecessária, acrescenta o Professor. As cidades fronteiriças trazem relações interculturais que estão presente no cotidiano familiar, continua Thiago, “pessoas que precisam se locomover de um país para o outro, seja para estudar ou trabalhar, que moram no lado brasileiro, mas casaram-se com uma peruana e o filho nasceu na Colômbia, mas estuda em Universidade Brasileira e trabalha na Colômbia”, exemplifica Thiago. “Portanto, é um espaço de sociabilidade cultural, econômica e gastronômica que existe. Sendo assim, quando algum conflito interfere na rotina de funcionamento da fronteira essa população sofre. Esses laços sociais, que as populações têm nas fronteiras, isso pode afetar a economia quando se fecha uma fronteira na escala local.”, destaca o professor. A consequência disso implica em proporções menores, em microrregiões, em cidades fronteiriças, como Tabatinga e Letícia, Pacaraima, Porto Velho, Rio Branco entre outras. “Afeta o cotidiano, a vivência das pessoas que moram nessas regiões, porque as cidades fronteiriças não são um espaço vazio, também não são o espaço somente para tráfico de droga, de armas, pessoas etc. É um espaço de vivência, onde as pessoas moram e têm suas relações sociais ", finaliza Thiago. Por: Hanna Biez
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Descubra quais alimentos regionais auxiliam no controle da doença Cerca de 30% dos brasileiros sofrem de hipertensão arterial, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Trata-se de uma doença crônica não transmissível definida por níveis pressóricos, além disso, o diagnóstico e o tratamento precoce reduzem a mortalidade por causas cardiovasculares. Para a nutricionista amazonense, Jussara Marinho, 24 anos, graduada pela UniNorte: “Os casos mais comuns das pessoas acometidas por essa doença estão relacionados a alimentação, consequentemente, faz com que esses indivíduos desenvolvem obesidade, sedentarismo e um colesterol altíssimo” “Quando eu realizo uma consulta é muito comum encontrar no histórico alimentício dessas pessoas alimentos ultraprocessados e gordurosos. Por isso, eu sempre aconselho meus pacientes a preparem seus próprios alimentos, investir na saladinha e evitar o sódio”, completa Jussara. Dicas de alimentos regionais que podem prevenir a pressão alta A mudança de hábitos alimentares pode ser uma saída para evitar que aumente a taxa de brasileiros que são afetados por essa doença crônica. A Região Amazônica é rica em alimentos que auxiliam nesta jornada. Confira: ●Cupuaçu: fruta rica em vitamina C e antioxidantes que ajudam a melhorar a saúde cardiovascular e a diminuir a pressão arterial. Além disso, o cupuaçu contém compostos que auxiliam na redução da inflamação do corpo; um fator de risco para a hipertensão. ● Castanha-do-Pará: rica em selênio, um mineral que contribui para o equilíbrio da pressão arterial. Para mais, esse mineral possui propriedades antioxidantes que protegem o coração e os vasos sanguíneos contra danos oxidativos. ● Açaí: alimento poderoso no auxílio da circulação sanguínea e na diminuição arterial. Além do mais, o açaí contém fibras, que ajudam na redução da absorção de colesterol e no mantimento dos níveis de açúcar no sangue estáveis. ● Peixes: os peixes de água doce, como o tambaqui e o pirarucu, são alimentos indicados como fortes aliados nesse processo de combate à hipertensão. São peixes ricos em ômega-3, um ácido graxo que auxilia na redução da inflamação do corpo, além de melhorar a saúde do coração e reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Com uma dieta equilibrada e composta por alimentos com menor quantidade de gordura, ricos em ômega-3, vitamina C, oleaginosos e antioxidantes, é possível trabalhar na regulação dos níveis de pressão e, até mesmo, na prevenção do surgimento de outras doenças ainda mais graves.
Por: Adriane R. Rocha e Isabelle Cristine O garimpo ilegal cresceu 54% em 2022, segundo a Hutukara AssociaçãoYanomami (HAY) No início deste ano, a tragédia humanitária vivida pelo povo Yanomami foi noticiada pela mídia nacional e internacional. As fotos viralizaram nas redes sociais ao revelarem o avançado estado de desnutrição em que se encontravam crianças e adultos, causando comoção mundial. Não é uma crise recente, mas sim intensificada nos últimos anos devido ao avanço do garimpo ilegal, da contaminação do rio pelo mercúrio e do cerco aos indígenas que não podiam pescar, caçar, tomar banho e beber água. No caso da água, ingeri-la seria apressar a morte. A Terra Indígena Yanomami (TIY) está localizada no extremo Norte do Brasil, entre os estados de Roraima e Amazonas até à fronteira com a Venezuela, ocupando 9,6 milhões de hectares. Em relatório divulgado pela Hutukara Associação Yanomami (HAY), em 2022, a destruição causada pelo garimpo ilegal já chega a mais de 5 mil hectares, sendo as áreas Paapiu, Homoxi, Xitei, Parima e Waikás as mais críticas em termos de devastação socioambiental. Os garimpeiros possuem maquinários pesados, balsas, voadeiras, aviões, helicópteros e centenas de pistas de pouso clandestinas que viabilizam uma complexa organização logística terrestre, fluvial e aérea. A falta de fiscalização somada ao apoio que os garimpeiros recebem de políticos e empresários favorecem a continuidade deste crime organizado. “Se estrangularmos a logística, o garimpo sofre um duro golpe. Mas a fiscalização, responsabilidade da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e da FAB (Força Aérea Brasileira), é muito frágil", afirma o procurador da República Alisson Marugal para a Amazônia Real. Além disso, em entrevista ao g1, Marugal complementa: “A inexperiência de coordenadores, indicações políticas, loteamentos de cargos [...] acabam gerando uma rotatividade na chefia desses cargos e, nós temos, claro, o elemento da corrupção". Incentivo ao garimpo ilegal e o adoecimento dos Yanomamis Dados do Mapbiomas, de 2016 a 2020, mostram que o garimpo na TIY cresceu 3.350%, fruto principalmente do estímulo ao garimpo ilegal por parte do Estado e o “desmantelamento da Funai e dos órgãos de proteção”, segundo o sub procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, em entrevista ao g1. O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a abertura de uma investigação de autoridades do governo Jair Bolsonaro (PL) pela suposta prática de genocídio de indígenas yanomami. Eis alguns argumentos que fundamentam a acusação: ● Em abril de 2017, ainda como pré-candidato, o ex-presidente Jair Bolsonaro prometeu que em seu mandato não demarcaria nenhuma terra indígena, e assim o fez; ●Durante as lives realizadas via Facebook, a mineração em terra indígena foi defendida. O ex-presidente afirmou que este também era um desejo da comunidade indígena; ● Em março de 2022, o ex-presidente disse que Roraima deveria explorar as riquezas minerais e que a guerra na Ucrânia abriria oportunidade para o Brasil explorar terras indígenas; ●A HAY (Hutukara Associação Yanomami) enviou aos órgãos públicos 21 ofícios com pedidos de ajuda; todos ignorados. O descaso do ex-governo com as pautas socioambientais contribuiu com a explosão no quadro de doenças, como afirma o presidente da HAY, Davi Kopenawa, em depoimento ao Correio do Lavrado em janeiro deste ano: “Criança yanomami não tá morrendo de fome, tá morrendo de garimpo ilegal”. A fala do líder indígena foi marcante, pois o estado de desnutrição é rapidamente associada à falta de alimento, mas há outros fatores por trás disso:
●Contaminação por mercúrio: o metal é utilizado para unir as partículas de ouro do ambiente, é altamente tóxico e contamina os rios e os peixes que nele habitam, afetando a fonte de água e alimento, além disso, também contamina o ar, pois é queimado para ser separado do ouro. ● Malária: o desmate das árvores provoca a proliferação do mosquito Anopheles, transmissor da malária. ●Falta de assistência médica: os garimpeiros assumiram o controle dos postos de saúde que atendiam a população Yanomami. ●Violência: em relatório da HAY sobre os impactos do garimpo ilegal, os indígenas relatam que os garimpeiros aliciam jovens, abusam sexualmente das mulheres e meninas Yanomami, e caçam os animais apenas por diversão para depois atirá-los ao rio. Kopenawa relata que a doação de cestas básicas ajuda, mas a medida mais efetiva que deve ser tomada é a desintrusão do garimpo ilegal. Até o momento, o Ministério da Saúde decretou Estado de Emergência em Saúde Pública e foram realizadas ações de retirada dos garimpeiros da TIY pelos agentes da Força Nacional de Segurança Pública, do Ibama e da Funai. Estão em curso três operações da Polícia Federal para investigação da rede criminosa. Fontes: Amazônia Real, BBC News e g1 Por: Alana Macário Entenda a popularidade dos peixes de água doce na composição de pratos típicos e sua comercialização O estado do Amazonas é o maior comercializador de peixes de água doce do país, e grande parcela da produção vem do interior para ser despachada em Manaus, caracterizando o consumo desse artifício natural referente à atividade pesqueira como uma ampla representação da cultura local. O costume de ingerir peixe está arraigado na cultura amazonense, sendo a atividade pesqueira uma ação secular que colabora para a manutenção da qualidade de vida dos povos tradicionais, levando em conta a relevância do mercado de pescado nas feiras e restaurantes. A crescente demanda do pescado é assegurada por dados disponibilizados no site Mordor Intelligence, já que o mercado global de peixes está projetado para registrar um CAGR (taxa de crescimento anual composta) de 4,8% durante o período 2021 a 2026. A gastronomia tem sido cada vez mais empregada e vista como uma instigação para o turismo. Não é novidade ver anúncios de vários lugares do país em que são enumerados seus pratos tradicionais como um dos integrantes de sedução para turistas, inclusive, há ocorrências fundamentalmente gastronômicas em que são anunciadas as culinárias regionais, pratos específicos e populares, em sua maioria com chefs requisitados, colocando-os como uma disposição impulsionadora da economia da localidade onde acontece. Um exemplo dessa forte relação entre a gastronomia e o turismo pode ser testemunhada no Amazonas, onde turistas de várias partes do mundo são atraídos e seduzidos por pratos típicos da região e, principalmente, por peixes populares como o tambaqui, o pirarucu, o pacu, o jaraqui e muitos outros. A culinária do Norte, com ênfase na gastronomia amazonense, é totalmente abraçada pelos visitantes que passeiam por aqui, segundo informações contidas no Portal de Serviços da AAMP (Associação Amazonense do Ministério Público), em publicação no dia 2 de janeiro de 2020. Em entrevista concedida ao Ateliê Amazônico via WhatsApp, o feirante Antônio Costa, morador da zona Leste de Manaus, nos conta que “a comercialização de peixes tem crescido cada dia mais, o que é uma boa para a economia local e para quem trabalha com isso. Durante a pandemia fomos muito afetados, mas aos poucos tudo está sendo normalizado. O que mais procuram por aqui são o tambaqui e o pacu, são os peixes que mais saem na minha banquinha.” Ainda durante a entrevista realizada pelo Ateliê Amazônico, por meio do WhatsApp, buscamos descobrir o processo de preparo e conservação do produto para venda:
“É vendido, normalmente, estando fresco. Nós retiramos da água e colocamos em caixas com gelo, depois são levados para feiras e frigoríficos. A partir daí, os peixes passam a ter “vida”, existindo de 10 a 14 dias, claro, é um período que pode ser esticado de acordo com o jeito que realizam o armazenamento”, explica Antônio Costa. Por ser uma região de água doce, o peixe é considerado a base alimentar do manauara; um prato fresco e saboroso que você encontrará em uma variedade de pratos. O Amazonas é o destino perfeito para quem busca uma cozinha ancestral e sabor único. Além de ser caracterizado por práticas dos povos originários, promove também os maiores tesouros culinários do norte do Brasil. Por: Adriane Rodrigues Rocha Quem nunca viu por aí vendedores ambulantes com sacolas lotadas de frutinhas engraçadas, vermelhas, cheias de pontinhas que parecem cabelos saindo da casca? Essa fruta é o rambutão (rambutan ou rambutã). Típico do sudeste asiático, o fruto da rambuteira é primo da lichia e do guaraná. O rambutão é composto de 50% polpa e 50% caroço, e sua textura é muitas vezes comparada com a da uva, assim como o seu sabor doce com toque azedo. Pode ser usado para a produção de suco, geleias e saladas. O clima tropical é perfeito para o seu plantio, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. No Amazonas, a colheita vem principalmente do município de Rio Preto da Eva, que carrega o título de maior produtor da fruta no Estado. Além de saborosa, a fruta também possui valiosas propriedades nutritivas, como afirma a nutricionista Dra. Danielle Barroso ao citar os inúmeros benefícios e listar as vantagens da inclusão do rambutã no cardápio: rico em cálcio, proteínas, potássio, carboidratos, ferro, fibra e fósforo e muito mais. Por conseguinte, é eficiente no combate à anemia, auxilia na manutenção dos ossos e ajuda a manter a saúde do coração. Entretanto, vale ressaltar algumas das outras vantagens pouco conhecidas pelo público a respeito da fruta. O rambutã auxilia na gestação pela presença da vitamina B9, que ajuda a evitar a má formação do feto. Além disso, é um ótimo antioxidante, ou seja, ajuda a retardar os efeitos do envelhecimento, como rugas na pele.
Para o plantio do rambutã são necessárias duas rambuteiras: macho e fêmea. O macho produz o pólen que é transportado por condutores como a abelha até à fêmea, originando assim a fecundação do fruto. A rambuteira atinge seu período fétil quatro anos após o seu plantio e pode viver mais de 25 anos. Aos seis anos de idade, chega a produzir em média de 3 mil a 5 mil frutos. Na Região Norte, o período de colheita vai de maio até agosto, por isso, fique atento à época do rambutã! Depois de saber os benefícios da fruta e do sabor delicioso, não vai querer perder a oportunidade de provar, não é? Por Carol Veras A Amazônia é uma imensidão de influência que cativa olhares. Situada na altura do Equador, apresenta um clima quente e úmido, que sofre influência da grande bacia hidrográfica, da evapotranspiração da floresta e da zona de Convergência Intertropical, causando muitas chuvas. Clima equatorial e suas características O clima equatorial é definido como quente e úmido com uma alta temperatura média do ar e pluviosidade. É um clima tropical de altas e constantes temperaturas, abundantes chuvas, ventos leves e alta umidade durante todo o ano, com uma pequena amplitude térmica anual. Existem dois tipos de clima equatorial importantes: o clima equatorial úmido; e o clima equatorial semiúmido Willy Hagi Teles Rego, formado em Meteorologia (UEA) e Mestre em Clima e Ambiente (INPA/UEA) afirma que “é um clima tipicamente quente e úmido, então chove muito e as temperaturas são altas, portanto, essas características são essenciais para a manutenção das florestas tropicais, como a própria Amazônia”. Segundo os dados do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), o clima equatorial está presente na porção norte, especialmente nos estados do Amazonas, Roraima, Rondônia, Acre, norte do Mato Grosso, Amapá e uma pequena parte do extremo noroeste do Maranhão. Esse tipo de clima é encontrado em diversos países ao longo da linha do Equador, como Índia, Camarões, Venezuela e Papua Nova-Guiné. De acordo com Rego, o fato de sua empresa (Meteonorte) trabalhar com meio ambiente e meteorologia destaca que essas duas áreas se relacionam, complementam-se e interagem no âmbito da ciência. Acrescenta que o meteorologista tem que ter uma perspectiva de todos os tipos e das variações climáticas. Outro fator interessante remete ao campo de pesquisa que o INMET realiza na Amazônia, com suas estações que se concentram em levar informações meteorológicas à sociedade brasileira e a conduzir o processo de tomada de decisão, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do País. Essas estações subdividem em automáticas e convencionais. As estações automáticas são aquelas que informam dados meteorológicos coletados de minuto em minuto, ou seja, as informações meteorológicas (temperatura, umidade, pressão atmosférica, precipitação, direção e velocidade dos ventos, radiação solar) representativas da área em que está localizada. As estações convencionais são compostas de vários instrumentos dotados de sensores que registram as variáveis atmosféricas. Rego destaca que o propósito dessas estações meteorológicas relaciona-se com o monitoramento e a observação, inclusive na região Norte, porque os desafios da logística na Amazônia impedem que essa rede de observações seja abrangente e muito consistente, “mas sem ela, nós estaríamos ‘no escuro’ quanto ao clima de locais como Manaus e Belém”. O "clima bipolar" em Manaus
Manaus é uma cidade, com atualmente 2.255.903 de habitantes (IBGE 2021), que convive com um clima peculiar, e que atrai a atenção dos pesquisadores. As suas influências climáticas resultam em estudos sobre o fenômeno popular conhecido como “clima bipolar” manauara. Mas o que seria esse “clima bipolar”? Rego explica o que significa: “A população em geral faz uma confusão em relação aos termos de tempo e clima. O tempo é o estado atual da atmosfera em um determinado momento (chuvoso, nublado, céu claro etc), enquanto o clima pode ser entendido como uma média de longo prazo do tempo. Então, se alguém diz que "o clima está bom hoje", quer dizer que o clima esteve bom ontem e estará bom amanhã também. O clima, ao contrário do tempo, não oscila diariamente dessa forma, mas o tempo sim. Então, esse "tempo bipolar" é perfeitamente normal para a nossa região, não apenas em Manaus.” Por Cariston de Souza Pires Soberano do 'pomolário' americano de Luiz, o cupuaçu ultrapassou as fronteiras da Amazônia e se tornou matéria-prima para diversos produtos, graças ao seu gosto característico e às suas inúmeras propriedades O cupuaçu é fruto do cupuaçuzeiro (theobroma grandiflorum), uma árvore típica da Amazônia brasileira, de família próxima à do cacaueiro. Ela pode medir entre 10 e 15m de altura e necessita de um solo firme, fértil e com boa retenção de água para se desenvolver. Até a década de 1970, sua produção era essencialmente extrativista. Entretanto, nos últimos anos, tornou-se um cultivo importante na região Norte do país, sendo muito popular no Pará e na cidade de Presidente Figueiredo (AM), onde é organizada uma festa que acontece geralmente no mês de abril. Características A fruta apresenta uma forma esférica, mede até 25 cm de comprimento e pode pesar mais de 1 Kg. Com um perfume forte e doce, o cupuaçu possui uma casca dura e lisa de coloração castanho-escura que reveste uma polpa branca e ácida, além de muitas sementes. Sua polpa, que é rica em fósforo e vitamina C, é amplamente utilizada na fabricação de sucos, geleias, cremes, sorvetes, biscoitos, compotas e até mesmo licores. As sementes são também aproveitadas para a retirada de sua manteiga, utilizada na culinária, para a fabricação do cupulate; ou para a fabricação de pomadas, batons, cremes e xampus. Pesquisas recentes têm demonstrado a possibilidade de obtenção de novos produtos, ampliando o leque dos já existentes e contribuindo para o aproveitamento mais eficiente do fruto do cupuaçu. Das sementes processadas pode-se produzir uma bebida com teor de proteína semelhante ao de um achocolatado formulado com leite de vaca. Essa bebida apresenta a vantagem de possuir um custo de produção inferior ao do achocolatado convencional e poder ser comercializada em forma de pó.
As cascas também não são desperdiçadas e podem virar artigos de artesanato com geração de renda para a população local. Há estudos que avaliam o uso das cascas de cupuaçu como insumo para geração de energia, produção de polímeros e embalagens sustentáveis. Esses exemplos servem para ilustrar o potencial de aproveitamento, a versatilidade de produtos e os usos alternativos que o cupuaçu apresenta. Os benefícios dessas pesquisas vão além do lançamento no mercado de novos produtos e se estendem por toda a cadeia produtiva. Propriedades e benefícios O cupuaçu é rico em vitaminas A, C e do Complexo B, além de fósforo, cálcio, potássio e fibras. Possui como função principal fortalecer o organismo e o sistema imunológico. Para quem pratica exercícios físicos, a fruta é uma ótima aliada, pois apresenta micronutrientes que aumentam os níveis de energia e, consequentemente, a perda de gordura corporal. Não é à toa que a ação do cupuaçu pode ser comparada a da cafeína. As fibras presentes na fruta aumentam a saciedade e melhoram o funcionamento do intestino, e suas sementes são usadas para aliviar dores abdominais. Esse costume é bem antigo, vem dos indígenas e é adotado até hoje. A vitamina C do cupuaçu possui uma série de benefícios. Ela ajuda a eliminar gordura corporal, pois auxilia no processo de transformação de gordura em energia. Além disso, retarda o envelhecimento, aumenta a firmeza da pele e equilibra os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. O cupuaçu possui antioxidantes capazes de combater células cancerígenas e os efeitos nocivos dos radicais livres. Graças a presença dessas substâncias, o extrato de sua semente pode ser capaz de inibir ou diminuir a progressão de cáries. Destaque também para os ácidos graxos, que bloqueiam os efeitos do colesterol ruim. Curiosidade O ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou, em 19 de maio de 2008, a Lei n.º 11.675, reconhecendo o cupuaçu como um fruto legitimamente brasileiro. Tal medida foi de grande valia, uma vez que o cupuaçu havia sido patenteado por uma empresa japonesa, no ano 2000, bloqueando oportunidades de comercialização do cupuaçu no exterior, por empresas brasileiras. Felizmente, tal registro foi cassado, em 2005. Por Raissa Eme A internacionalização da Amazônia é um assunto recorrente na geopolítica mundial, mas não por preocupação com os ataques aos povos e a floresta e, sim, pelos embates para se ter o domínio da Região. Trata-se da maior floresta tropical do mundo, que ocupa grande parte do território brasileiro, estando presente em nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do estado do Maranhão, além de mais oito países da América do Sul: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Os governos de países dominantes, como Estados Unidos, França e Alemanha, promovem a narrativa da internacionalização da Amazônia utilizando como estratégia o argumento que o conjunto desses nove países Sul-Americanos não tem capacidade de criar mecanismos que tornem possíveis o desenvolvimento sustentável nesses países. Além disso, existe o discurso de que a responsabilidade com a Amazônia tem proporções mundiais e que ela presta um serviço à humanidade, logo ela não seria uma propriedade desses nove países, mas sim do mundo todo. A ideia aparece periodicamente há décadas e envolve situações complexas, como as destruições da floresta Amazônica, sem a devida reação do governo brasileiro ou nos embates acerca das mudanças climáticas no mundo. O mestre em história pela Universidade do Porto, Hermes Neto, comenta em seu podcast Amazônia Cast que: “Esta proposta é vista de forma ofensiva pelos países Sul-Americanos, já que os trata como subdesenvolvidos politicamente e até mesmo intelectualmente”. Em entrevista ao Ateliê Amazônico, o professor do departamento de Geografia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Ricardo Nogueira, falou sobre as questões geopolíticas acerca da internacionalização da Amazônia. Ateliê Amazônico: Quais são as intenções dos países desenvolvidos como Estados Unidos, Alemanha e França com a Amazônia. Seria apenas um objetivo financeiro, ou existe de fato uma intenção de preservação da floresta?
Ricardo Nogueira: Há um cruzamento de interesses, daí as tensões. Do mesmo modo em que há interessados em qualquer lugar do mundo em extrair recursos naturais da Região, há também aqueles que estão interessados em sua preservação. Ateliê Amazônico: Você concorda que a Amazônia é um patrimônio do mundo inteiro ou estes nove países, em especial o Brasil, deveriam ter poder absoluto sobre ela? Ricardo Nogueira: A discussão inicial deve ser entre os países que compartilham esta Região, inclusive a França (Guiana Francesa). No entanto, como hoje já se sabe do significado da Amazônia para o clima do planeta, a discussão extrapolou os limites da floresta e ganhou o cenário mundial. Contudo, a ideia de patrimônio é mais complexa. Pode até ser um patrimônio da humanidade, assim como outros lugares do mundo, no entanto, deve ficar sob domínio de quem a compartilha. Ateliê Amazônico: A internacionalização da Amazônia é algo relativamente novo ou outros países já demonstraram este interesse há muito tempo? Ricardo Nogueira: Esta tese (internacionalização) ganha repercussão durante o período da guerra fria, mas desde o século XVII já havia interesse externo. Ateliê Amazônico: Existe muita desinformação com relação à internacionalização da Amazônia, quais são as maiores falácias que o senhor acredita que são divulgadas? Ricardo Nogueira: Se tomarmos como referência a exploração de recursos naturais, já temos há décadas empresas estrangeiras explorando minérios da Região; o Polo Industrial de Manaus está repleto de organizações não-brasileiras. Portanto, esse assombro da internacionalização é, em si mesmo, uma retórica que sempre é recuperada para a exaltação do nacionalismo. Ateliê Amazônico: Na sua opinião pessoal, o que o senhor acha sobre a internacionalização da Amazônia. Ela pode gerar frutos positivos ou negativos? Ricardo Nogueira: Odeio esse discurso da internacionalização! É problemático porque sempre surge de grupos que não possuem credibilidade intelectual para defendê-lo. O assombro surge num período tenso (guerra fria) e hoje, na verdade, está mais associado à exploração da biodiversidade. Quando sentimos o risco ambiental que recai sobre a Amazônia até podemos imaginar a internacionalização da Amazônia como algo positivo, mas como o engenheiro mecânico, professor universitário e político brasileiro, Cristovam Buarque uma vez afirmou: “Se a Amazônia sob uma ótica humanista deve ser internacionalizada, então, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro”. Porém, nenhum governo está disposto a abrir mão das suas reservas de petróleo, enquanto tentam tornar a nossa Amazônia uma propriedade do mundo inteiro. Por Victor Zidane A área de mineração no Brasil aumentou em aproximadamente seis vezes entre 1985 e 2020, passando de 31 mil hectares, em 1985, para 206 mil hectares, em 2020, dos quais 107,8 mil hectares, o que corresponde a quase metade desse total, é de exploração ilegal. Os números são de um levantamento divulgado pelo MapBiomas a partir da coleta de imagens de satélites. É na região da Amazônia que se concentra o maior volume dessas atividades. Em 2020, 72,5% de toda a área minerada nesse ano estava na Amazônia, e o estado do Pará (110.209 ha) lidera o ranking de área minerada, seguido por Minas Gerais (33.432 ha) e Mato Grosso (25.495 ha). Em relação ao garimpo, a Amazônia concentra 93% dessa atividade. Garimpo ilegal e metais pesados Mais de 40% do território da Amazônia estão na área do período pré-cambriano, que apresentam grandes potencialidades para os depósitos minerais de ferro, manganês, cobre, alumínio, zinco, níquel, cromo, titânio, fosfato, ouro, prata, platina e paládio. Em função disso, a prática do garimpo ilegal é muito recorrente pela Região. O garimpo é proibido, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), apenas em dois casos: em terras indígenas e em áreas maiores que 50 hectares. A Amazônia foi e, até hoje, é palco de grandes debates e exemplos de mineração desordenada, como a Serra Pelada, que atraiu milhares de garimpeiros para o Pará na década de 1980, que resultou em vários impactos, tanto ambientais quanto sociais. As condições de trabalho eram precárias, o calor intenso, havia a utilização de escadas totalmente danificadas, barrancos escorregadios e perigosos, poeira de monóxido de ferro no ar - que era inalado pelos trabalhadores e moradias improvisadas sem estrutura adequada. O ato da garimpagem traz diversos impactos ao meio ambiente e, também, problemas sociais. O garimpo de ouro, por exemplo, pode acarretar na descaracterização da estrutura de um rio. Além disso, ainda há a contaminação da água com rejeitos contendo mercúrio, substância química usada na mineração desse minério. Estima-se que a cada 1kg de ouro produzido, 1,3 kg de mercúrio é exposto ao ambiente. Esse metal é altamente venenoso, e a intoxicação por mercúrio pode provocar problemas respiratórios, renais, má formação congênita em bebês e atacar principalmente o sistema nervoso, causando doenças graves. Nos últimos cinco anos, apenas no estado do Pará, especificamente nas terras indígenas Munduruku e Sai Cinza, foram destruídos pelo menos 606 quilômetros de rios por contaminação de mercúrio. Alter do Chão, também no estado do Pará, na região turística, sofreu o impacto do garimpo. A água do rio Tapajós ficou turva por conta da lama, afetando uma de suas principais características, já que a Região é conhecida por conta de suas águas cristalinas, em que até mesmo os peixes da foram contaminados pelos rejeitos, causando riscos à saúde dos moradores da localidade. De acordo com uma análise da organização MapBiomas a partir de imagens de satélite que apontam evidências de que a coloração diferente nas águas do rio paraense é resultado da explosão do garimpo. Segundo um estudo do Centro de Sensoriamento Remoto (CSR) e do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais (Lagesa), ambos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em junho de 2021, houve uma queda de 43,5% na média anual de multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na Amazônia Legal, entre 2019 e 2020, em comparação com os dados do período de 2012 a 2018. A pesquisa de 'Dicotomia da impunidade do desmatamento ilegal', assinado pelos pesquisadores Jair Schmitt, Felipe Nunes e Britaldo Soares Filho, alerta ainda que o número de multas pagas caiu de uma média de 688 entre 2014 e 2018 para 73 e 13 em 2019 e 2020. Operações são realizadas periodicamente em regiões mais vulneráveis, como nas terras indígenas Munduruku. Na Câmara dos Deputados também há medidas sendo tomadas, como o projeto de Lei N° 5.490 de 2020 proposto pelo Deputado Camilo Capiberibe - PSB/AP, que visa à erradicação da contaminação por mercúrio no garimpo ilegal, apresenta também medidas preventivas e de combate e assistência social aos contaminados por mercúrio. De acordo com a Agência Câmara de Notícias, o plano ainda prevê a adoção de um controle mais rigoroso sobre a extração, a produção, a importação, a distribuição, a comercialização, a utilização e a disposição final do mercúrio em território nacional, além de medidas de proteção e defesa de populações atingidas. Atualmente, o Deputado solicita a desapensação da Lei N° 5.490, de 2020, e do Projeto de Lei 5131, de 2019, que visa a busca do estabelecimento de guia para o transporte de ouro e modifica as penas no crime de transporte de ouro ilegal. Em um requerimento enviado para o Presidente, Capiberibe alega ainda que “embora tenham matérias aparentemente semelhantes, a finalidade de ambas se diferem”.
Nessa segunda-feira (14) o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto que institui o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala (Pró-Mapa). De acordo com o governo, o decreto tem por objetivo estimular o desenvolvimento da mineração artesanal e em pequena escala através de políticas públicas setoriais. A área de atuação prioritária do programa será a região da Amazônia Legal, que abrange os estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Muitos especialistas da área de meio ambiente discordam dessa decisão da Presidência da República. Por Beatriz Oliveira Criado no ano de 1952, no mês de outubro e, dois anos depois, operacionalizado, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), é uma instância vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, tem como interesse disseminar conhecimento científico e desenvolver a Amazônia, principalmente no que se diz respeito à pesquisa científica no Norte. É uma das instituições que mais produz conteúdo científico na região, sobretudo em suas áreas de enfoque separadas em quatro campos distintos das quais são integradas suas pesquisas: Biodiversidade; Dinâmica Ambiental; Tecnologia e Inovação; Sociedade e Ambiente. No início de sua trajetória, marcada por imensas dificuldades financeiras e falta de profissionais qualificados, o interesse maior por parte do Inpa estava relacionado a pesquisas e levantamentos acerca da fauna e da flora da região Amazônica, a fim de se inteirar mais sobre a floresta. Porém, após passar anos modernizando sua estrutura, o Inpa viu a necessidade de reavaliar seu planejamento estratégico e expandir os alvos de interesse para o desenvolvimento sustentável, já que estamos falando do uso de recursos naturais da maior floresta tropical do mundo que nos cerca. Dessa forma, o instituto adquiriu relevância enquanto centro de pesquisa, e tal direcionamento mais aprofundado para as condições de vida na região fez com que os estudos científicos realizados pelo Inpa popularizassem mundialmente a instituição como o centro de pesquisa referência em Biologia Tropical que é até os dias atuais. O instituto está sediado no bairro Aleixo, zona Centro-Sul de Manaus, sendo subdividido em três campi que totalizam uma extensão de 380 mil metros quadrados. Seus acervos e laboratórios temáticos geram aporte para muitos pesquisadores e sua infraestrutura ainda compreende outras reservas florestais, estações experimentais, bases flutuantes, laboratórios flutuantes e barcos de pesquisas espalhados tanto pela capital amazonense quanto por outras regiões do Norte, como a Reserva de Pesquisa Ecológica em Ouro Preto do Oeste, localizada no interior de Rondônia. Iniciação Científica Segundo o Programa de Treinamento para Terceiros Países (TCTP), mais de 800 estudantes participam de programas de iniciação científica promovidos pelo Inpa, além de outras pesquisas realizadas no instituto por meio de captação de recursos externos. Ignácio Benites, estudante de Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas, é um dos atuais beneficiários da bolsa de iniciação científica oferecida pelo instituto. Ele conversou com o Ateliê Amazônico sobre a sua experiência como bolsista do Inpa. A seguir trechos da entrevista: “O instituto é simplesmente incrível, tanto em relação aos equipamentos e materiais disponíveis, que são sofisticados e sempre recebem manutenção, quanto na relação com as pessoas com quem trabalho, pois estão sempre dispostas a ajudar e são muito prestativas. Minha experiência como estudante de iniciação científica no Inpa está sendo enriquecedora por causa da importância do projeto no qual atuo e das pessoas que me ajudam no trabalho dentro do laboratório”, declara o bolsista. Ignácio Benites destacou o projeto em que trabalha: “O título do projeto é Código de barras de DNA na identificação molecular de peixes da ordem Characiformes da bacia do rio Tocantins, Brasil. O que é identificar as espécies que estão presentes no rio Tocantins após a construção de algumas usinas hidroelétricas. A proposta é saber o que mudou com os impactos causados. Essa análise é feita por intermédio da biologia molecular e, mais especificamente, utilizando código de barras de DNA (DNA metabarcoding), como os usados em supermercados. Minha tarefa é, basicamente, procurar as alterações genéticas”.
Espaço de visitação e de aprendizagem Para quem deseja conhecer o Inpa, um dos principais atrativos é o Bosque da Ciência: espaço de 13 hectares anexado à sede do Instituto que é palco de diversos eventos organizados pelo próprio instituto e tem como objetivos oferecer lazer e educação socioambiental à população e aos turistas. Atualmente, as visitações estão suspensas em função da pandemia da Covid-19. A programação do Inpa pode ser consultada acessando o site do Bosque. |
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