Quando o assunto é preservação cultural, muito se fala em como o público infantil é importante nesse processo, justamente porque é durante o desenvolvimento da criança que o conhecimento por ela obtido é levado adiante na sociedade. Em resumo, a educação infantil é quando os pequenos começam a socializar com outras pessoas fora da sua bolha familiar e, no contexto de Manaus, a Amazônia não pode deixar de ser pautada, mesmo que de forma lúdica. Para tanto, a fim de obter mais precisamente a compreensão desse cenário educacional atualmente e o olhar da criança para a pauta amazônica em distintos âmbitos, a equipe do Ateliê Amazônico conversou com profissionais da educação infantil de duas escolas: as professoras Erika Ribeiro, da Escola Municipal Historiador Mário Ypiranga Monteiro, e Rosana de Paula, do Centro Educacional Rá Tim Bum. As instituições pertencem à rede de ensino pública e privada, respectivamente, estão localizadas no bairro Flores. Ateliê: Como a senhora avalia o conteúdo ministrado aos seus alunos sobre a Amazônia, incluindo histórias e saberes regionais? Profª Erika Ribeiro: Nós, como professores de educação infantil, procuramos trabalhar a parte de lendas e o folclore através de contações de histórias, do audiovisual, para que possa despertar a atenção das crianças e, assim, a gente consiga explorar essa temática de uma forma mais lúdica. Elas gostam muito da visualização, da contação de histórias, e o lúdico precisa se fazer presente. Como são crianças, elas trabalham muito a parte da imaginação, então a gente utiliza isso como recurso em sala de aula. Profª Rosana de Paula: Bom. Aqui na escola, nós buscamos sempre expor para as crianças dentro do conteúdo infantil, mostrando de uma forma bem lúdica. Abordamos dessa forma bem lúdica porque são crianças, então, eu acho uma abordagem muito boa diante dessa situação em relação à Amazônia. Nós tentamos demonstrar de uma maneira bem ampla para que elas já consigam assimilar, dentro do contexto lúdico, para que venham a ter entendimento disso e cuidar desde pequenos. Ateliê: Sobre ser um profissional da educação há a noção de que, além, é claro, dos professores exercerem a função de ensinar seus próprios alunos, eles também aprenderem muito com seus próprios alunos? Nesse sentido, a senhora como profissional de educação já escutou de seus alunos uma fala sobre a região Amazônica que lhe chamou atenção? Profª Erika Ribeiro: As falas das crianças geralmente são reportadas para a preservação e o cuidado com o meio-ambiente. Nunca surgiu nenhuma fala específica que me chamou atenção, mas percebe-se que eles se interessam em temáticas folclóricas. Como estamos em uma área urbana, geralmente as famílias não são de levar as crianças para conhecer a cidade ou a região. A vivência delas em relação a isso é mais urbana; não é tão regional no sentido de visitar pontos turísticos de Manaus. Eles falam “eu fui pro shopping”, “eu fui pro cinema”. Sempre a fala deles está relacionada a isso. De específico é pouco. Na semana do aniversário de Manaus, procuramos fazer projeções de pontos turísticos e outras características da cidade, mas são poucas as crianças que conseguem se identificar. É difícil perceber essa concepção regional na vida deles e, devido à pandemia, talvez isso tenha ficado ainda mais atenuado. Profª Rosana de Paula: Com certeza. Algo que eu já consegui observar nos meus alunos, apesar de serem crianças de quatro e cinco anos, é aquela preocupação em relação ao meio ambiente e a floresta. Eles falam muito sobre a questão das queimadas, e muito me surpreende, porque são crianças, mas eles já têm esse aprendizado com eles. Sobre questões culturais, eles ainda não me mostraram. Nós, como educadores, tentamos passar dessa forma lúdica esse aprendizado para eles, mas nunca algum aluno demonstrou essa curiosidade sobre questões acerca da cultura Amazônica. Ateliê: Num panorama geral, você acredita que assuntos mais regionais merecem mais atenção na educação infantil de crianças manauaras e/ou nortistas?
Profª Erika Martins: Sim, com certeza. Procuramos muito resgatar a parte regional da infância, mas a gente tem pouco recurso e pouco material para isso. O material infantil regional que existe para ser trabalhado é muito pobre em comparação ao Sul e Sudeste. Na semana da literatura amazonense, trabalhamos muito em cima de contos e histórias infantis da Ana Peixoto e do Elson Farias, que são escritores amazonenses, focando na exploração de todo o contexto que eles trazem nessas histórias. É valioso trabalhar isso, mas não temos muito recursos para fazer essa exploração. Inclusive, eu percebo que nós não temos um espaço lúdico para a criança em nossa Região. Por exemplo, existe a Cidade da Criança, no bairro Aleixo, o único espaço em que isso poderia ser explorado, mas nós não temos esse olhar atento para a exploração e a preservação da cultura. Profª Rosana de Paula: Com certeza eles precisam. Essa cultura Amazônica precisa ser mais abordada, e desde pequenos, para que eles já tenham esse conhecimento sobre monumentos que a gente não ouve mais falar, sobre a questão da cultura alimentícia e etc. Eles não sabem de onde é, de onde veio, o que tem de interessante aqui na Amazônia, então seria importante trazer isso para a vida deles. Por mais abismais que possam soar as diferentes perspectivas, eles acabam por se encaminhar para um ponto em comum que é importante de ser ressaltado: o conteúdo amazônico dado em caráter público ou particular da região urbana não é satisfatório, mas é suscetível a ser ainda melhor e mais significativo se expandido o conceito de cultura amazônica que não seja generalizado em períodos específicos. Seja pela falta de literatura e recursos financeiros ou pela tentativa de entender como articular a ludicidade do discurso, o olhar das crianças voltado para a região Amazônica pode e deve ser potencializado por intermédio da educação infantil, pois essas mesmas crianças, com acesso ao que nossa cultura tem de melhor, já crescem e se desenvolvem com um senso representativo menos negligenciado por imposições externas, ainda mais se tratando de uma singularidade como essa, e mais interessado em levar o pensamento adiante para as futuras gerações. Autor: Karlos Sena
0 Comments
As transformações geológicas e climáticas que a Amazônia sofreu durante séculos impactaram diretamente na evolução de diversas espécies que habitavam na região. Essas mudanças resultaram em um dos maiores e mais diversificados biomas existentes no planeta contendo uma rica biodiversidade de fauna e flora. O termo biodiversidade - ou diversidade biológica - caracteriza a riqueza e a variedade do mundo natural. As plantas, os animais e os microrganismos suprem as necessidades por alimentos, remédios e boa parte da matéria-prima industrial que é consumida pelo ser humano. De acordo com a organização WWF (Fundo Mundial para a Natureza), o Brasil é considerado o país da "megadiversidade": aproximadamente 20% das espécies conhecidas no mundo estão aqui. Tendo em mente a vasta dimensão da floresta amazônica, dominar o conhecimento sobre todas as espécies que aqui existem é uma tarefa difícil. Logo, dizer que está tudo documentado sobre a fauna e a flora amazônica é uma mentira, pois não há registro total da região e das espécies que nela habitam e que surgem e são constantemente adicionadas ao seu inventário. Essa lacuna gera uma corrida na catalogação de áreas e espécies novas por parte de cientistas que buscam encontrar e proteger a biodiversidade por meio de políticas públicas ambientais ou para efetivar negócios econômicos. É possível observar por meio dessas pesquisas que a vida tem mudado ao longo dos últimos anos, e que as regiões continuam em constante mudança com o passar do tempo. E como é comum, a cada ano, a descrição de novos locais e de espécies inéditas é feita por parte dos cientistas. Animais da Amazônia Alguns grupos de animais são mais diversos na Amazônia do que em qualquer outro local do mundo. São eles: Peixes
A equipe do Ateliê Amazônico conversou com Daniel Soares, graduando de Ciências Biológicas, que estagiou no INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, no Laboratório de Dinâmica de Populações de Peixes - (LDPP), sobre a importância desses gigantes de rio doce no ecossistema amazônico.
Daniel Soares, quando questionado sobre a importância desses animais, afirma que “todos esses peixes têm papel essencial na sobrevivência de um ambiente”. O estudante afirma que esses peixes são responsáveis por eliminar substâncias químicas denominadas como excretas que são a base de uma pesquisa científica que investiga a importância dos peixes amazônicos para a ciclagem de nutrientes. “Em suas excretas, esses peixes fornecem energia e formam adubo para algas e organismos menores, tanto para as algas crescerem quanto para se transformarem em alimentos a outros animais”. A enorme variedade de espécies impressiona e encanta os apaixonados pela natureza. Rica e diversa, a fauna amazônica é, sem dúvidas, uma das mais impressionantes de todo o planeta. Mamíferos, peixes, aves, répteis, anfíbios e insetos multiplicam-se de forma variada, formando grupos que convivem de forma harmoniosa utilizando todos os recursos oferecidos pela floresta. Autor: Marcelo Mendes Amazonas, terra de caboclo, preto, ribeirinho e indígena. Das cores verdes da floresta e dos arranha-céus da Zona Franca. Na composição de Ademar Azevedo e Frank Azevedo para a faixa “Meu Amazonas”, do Boi Caprichoso, a dupla ilustra em versos líricos o seu olhar sobre o Amazonas. “Natureza mãe da vida. Amazonas o teu jardim é mais florido. O índio canta feliz contigo. Amazonas o teu cenário é mais bonito. Tem manejo florestal, o cantar dos pássaros. Peixe ornamental, gavião real”. Logo, quando se pensa em Amazonas, somos automaticamente transportados à ideia de um estado construído sobre os aspectos de uma rica historicidade. No entanto, como olhar para um território que carrega em suas construções arquitetônicas o mesclado da cultura indígena e a riqueza de detalhes impulsionada pelo tempo da Belle Époque? Os igarapés, a natureza que embeleza cada canto do estado, os monumentos e o centro histórico que encantam a metrópole, produzem o efeito único de um Amazonas arquitetado e instigado a ser o berço da natureza amazônica. A percepção a respeito do lugar que habitamos é algo intrínseco a como esse local nos entrega seus elementos espaciais. No Amazonas, vemos ligado ao nosso habitat o protagonismo histórico debruçado pelos tombamentos que servem como atrações turísticas. Portanto, é importante considerar a regionalidade, a história e a vida local para traduzir isso em espaços que se convertam em identidade do estado como um todo. A arquiteta e urbanista, Thaís Dias, explicou o processo dessa transformação espacial nos arredores das cidades do Amazonas, e como isso resultou em um novo cenário habitacional para a população amazonense. “Algumas cidades do Amazonas nasceram aos moldes europeus, seguindo tendências, materiais e uma vida adaptada a outro local, a “Paris dos Trópicos”. Desde os primórdios, é possível identificar a falta da adaptabilidade aos conceitos, ao clima, às particularidades e às condicionantes regionais. Atualmente, a modernidade se adequa à região, sem desprezar as características locais”. Ao pensar sobre o que caracteriza o local em que habitamos e suas composições, é necessário apoderar-se de uma visão mais ampla de como são construído os espaços arquitetônicos de uma unidade federativa como o Amazonas. Em função disso, Thaís Dias aborda a importância de olhar para o estado não apenas como uma área geográfica, mas também, pelos recursos tradicionais que o integra, “é importante não se delimitar apenas ao espaço, mas abranger um entendimento de um campo muito maior, compreender o clima que você sente, o espaço que você vive, os costumes da cultura local, fatos que estão presentes a todo o momento no nosso dia a dia, e que facilite entender os fenômenos naturais e sociais que acontecem no mundo e suas influências diretas nas nossas vidas. Compreender a relação que a cidade tem com sua história é um fator preponderante neste processo.” Os conhecimentos teóricos trazidos por Thaís Dias e as perspectivas históricas do Amazonas postas em prática, deram respostas acerca da compreensão arquitetônica do estado, essa que urge cada vez mais a necessidade de avistar um território que permitiu a construção do seu espaço regido em um conjunto de legados a partir de diferentes aspectos da sua historicidade que possui a participação de distintos povos e culturas.
Logo, o habitat amazonense constitui-se de elementos naturais que possuem significados e importância cultural, artística, documental e estética para o estado, pois a sua urbanização, seja no campo ou nas cidades, precisou andar lado a lado desta questão, priorizando contar a história social do Amazonas por meio da manutenção e preservação de seus meios naturais. Autora: Soraia Joffely Durante os últimos anos, diversos entomologistas, responsáveis pelo estudo dos insetos, vêm alertando para um possível colapso nessas populações. Na realidade Amazônica, são diversos fatores que contribuem para essa situação, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), como: as mudanças climáticas, a destruição de hábitats por meio de desmatamento, uso de agrotóxicos etc. Além disso, a falta de fundos e de interesse impedem a realização de pesquisas e obtenção de dados para contrariar tal situação. Os insetos estão por toda parte: aquela barata que dá nojo, a borboleta que você acha que traz sorte, a pulga que às vezes aparece no seu pet, o mosquito da dengue e diversos outros. Muito se questiona a importâncias desses animais, porém não podemos imaginar a “diáspora” que seria causada no ecossistema caso eles sumissem. Em um contexto em que os insetos fossem eliminados de uma área, o desequilíbrio ecológico apresentado seria muito grande, uma vez que todos fazem parte de uma grande cadeia alimentar, afetando uma gigantesca quantidade de seres vivos. A equipe do Ateliê Amazônico conversou com Giovana D’Angelo, graduanda de Ciências Biológicas, afiliada ao Laboratório de Ecologia de Comunidades PPG ICB-FCA, para entender algumas questões envolvendo os insetos. Segundo Giovana, quando questionada sobre a importância desses animais para o ecossistema, toda comunidade de insetos é responsável por uma importante atividade de equilíbrio, seja de pequenos ou de grandes ecossistemas: “Uma vez que esses indivíduos são encontrados em quase todas as áreas em nosso bioma, eles são extremamente valorosos para a ciclagem de nutrientes e servem como importantes elementos nas teias alimentares da floresta tropical, além de alguns atuarem como dispersores de sementes e muito mais. Giovana observa que devido à riqueza e à pluralidade dos insetos na Amazônia, ainda há muito a ser feito: “Pouco se sabe até hoje, por conta da imensa diversidade de ecossistemas que a Amazônia abarca e por conta de que os insetos são capazes de habitar em todos esses locais dentro do nosso bioma. Dessa forma, o direcionamento para pesquisas a respeito dos mesmos deve ser algo contínuo”. No momento, como órgãos efetivos realizando pesquisas da fauna de insetos da Região Amazônica temos, principalmente, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), mas esses não são os únicos. Contudo, assim como diversas áreas de pesquisa no país, não existe investimento necessário por parte dos órgãos nacionais e estaduais para apoiar as explorações destinadas a este tema. Como se não bastasse o pouco fomento a pesquisas, a falta de fiscalização que assegura a vida desses animais é quase inexistente no país. É necessário intensificar o cuidado com estes animais, que são muito importantes para a vida de todos e para o ecossistema, antes que seja tarde demais.
Autor: Luan Tavares Biopirataria é conceituada como o ato ilícito de extração de bens biogenéticos de uma região ou exploração de conhecimentos tradicionais de uma determinada cultura que não recebe os seus benefícios. Constituem exemplos de biopirataria a rede de desmatamento e aproveitamento de insumos da Amazônia, a exportação massiva de madeira não legalizada e a utilização de matérias primas da região (fauna e flora), tendo como foco principal gerar altos lucros para outros países. Historicamente, esse assunto não é tão novo assim: um dos mais célebres atos de biopirataria no Brasil se deu na época do Ciclo da Borracha, quando o látex era extraído da seringueira para a produção de borracha na Região Amazônica, o que gerou importante desenvolvimento econômico ao país. Em 1913, em função da ausência de leis protetivas, o Brasil foi alvo de sua primeira biopirataria ocasionada pela cobiça estrangeira, que contrabandeou 70 mil sementes da seringueira, de onde se extrai o látex para a produção da borracha, que foram levadas para a Malásia, permitindo, assim, alto rendimento e introdução do plantio no mercado consumidor de maneira barata e fácil. Logo, o tráfico arruinaria o Ciclo da Borracha no Brasil. Na Região Amazônica, a exploração da borracha entre os anos 1850 e 1913 simboliza os impactos da falta de uma política pública e de um sistema de proteção à biodiversidade e aos conhecimentos tradicionais dos povos da região. Casos de Biopirataria Integra-se nesse sistema criminal a derrubada da mata nativa e a venda de madeiras nobres, o contrabando de espécies (flora e fauna), a geração de patentes de princípios ativos da biodiversidade amazônica ou de procedimentos e de usos tradicionais dos povos da região, entre outras formas. Algumas espécies brasileiras destacam-se na geração de patentes por parte de empresas estrangeiras, por meio da biopirataria:
Além da apropriação desses recursos genéticos, ressalta-se também a exportação, a exploração e a comercialização dos saberes tradicionais oriundos de comunidade de agricultores e de comunidades indígenas. Sendo assim, a biopirataria é um tema contemporâneo que interliga elementos de alto impacto na educação ambiental e na própria constituição identitária dos povos da Amazônia, já que é uma atividade que não engloba a forma como lidaremos com a formação de uma sociedade consciente sobre a conservação e preservação dos recursos naturais e o entendimento adequado sobre o povo originário que possui uma vasta e rica cultura medicinal. Essa que constantemente vem sendo alvo de apropriação. De acordo com o que foi reconhecido na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992, “os povos indígenas e suas comunidades, bem como outras comunidades locais, têm um papel vital no gerenciamento ambiental e no desenvolvimento, em virtude de seus conhecimentos e de suas práticas tradicionais. Os Estados devem reconhecer e apoiar adequadamente sua identidade, sua cultura e seus interesses, e oferecer condições para sua efetiva participação no alcance do desenvolvimento sustentável”. Ou seja, a União deve garantir a preservação de tais conhecimentos. Em 2005, ONGs chegaram a denunciar a ação de extração indevida da secreção do Sapo Kambô, elemento utilizado pelos povos indígenas da Amazônia como estimulante e antigripal. Devido a tal atividade criminosa, indígenas do Acre, de São Paulo, de Brasília, de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro foram explorados por biopiratas na produção do material, para que esse fosse usado no tratamento de gastrite, de hipertensão, de dependência química, de epilepsia e de malária, entre outras doenças. A partir da Lei 13.123/2015 (Lei da biodiversidade), essas práticas de registro (patente) e de repartição dos dividendos com as comunidades detentoras dos conhecimentos tradicionais são regidas por legislação específica. Mesmo assim, a biopirataria não é tipificada como crime ambiental, mas sim considerada uma contravenção, regida por leis correlatas (Lei 9.605/1998 e Lei 11.105/2005) e passível de penas pecuniárias ou de detenção sobre ações flagradas pelos órgãos fiscalizadores, desde que associadas aos crimes previstos nessas leis. A pena estabelecida por multas em valores entre R$50 e R$50 milhões é uma atribuição para evitar os danos ambientais, porém, é insuficiente para abolir ações nesse sentido.
Em meio à falta de medidas cabíveis que punam os criminosos dessa ação ilegal, a justiça impõe condenações ainda vistas como brandas. Apesar das multas deterem altíssimos valores, essas são insuficientes para penalizar aqueles que se apoderam de patrimônio natural e de atos tradicionais, que podem arrecadar bilhões de dólares em lucro. Dessa forma, as Leis de Crimes Ambientais não possuem eficácia para o impedimento de ações de biopirataria, gerando assim prejuízos para a economia do país e para preservação da cultura dos povos originários. Além disso, o controle desses atos ilegais é insatisfatório, já que as punições estabelecidas não são rigorosas. Tendo em vista tais atividades, um caso bastante recorrente que acontece dentro das aldeias é protagonizado por biopiratas que atuam como pesquisadores que fingem mal-estar para, assim, entrar e observar as plantas que o pajé utilizará para tratá-los. Essa é uma das entre tantas estratégias que os biopiratas usam para obter informações ou, com sucesso, conseguir a matéria prima para então explorá-la em outro país de maneira rentável. Considerando assim o significativo lucro ganho pela biopirataria, os biopiratas e os representantes das indústrias biotecnológicas roubam e usam de saberes oriundos dos povos indígenas e de comunidades locais. Esses conhecimentos, que antes não despertavam interesses, agora servem de trilha para se buscar com mais agilidade o desenvolvimento de produtos lucrativos. Ademais, também vale ressaltar a invasão em territórios nacionais, prática que ultrapassa a soberania de qualquer país. Autora: Soraia Joffely A Floresta Amazônica é o maior bioma tropical do mundo, rica em uma grande biodiversidade de plantas, sementes, insetos, animais e tudo que o ser humano possa imaginar. Com o passar dos anos, é preocupante o descaso com essa riqueza que o País tem, isso porque o número de queimadas e de desmatamento cresce ano após ano, ameaçando a biodiversidade do planeta e agravando ainda mais o aquecimento global. Foto: Marcio Isensee e Sá/Pé no Parque É comum ouvir que a Amazônia é considerada o pulmão do mundo pela sua grandeza, mas cientistas afirmam que essa ideia é equivocada. A Floresta Amazônica consome a maior parte do seu oxigênio produzido, e a quantidade de oxigênio que sai dela para o mundo é irrisória. Na verdade, o pulmão do mundo se encontra nos oceanos, pois são as algas marinhas que produzem em excesso o oxigênio que é liberado. São elas responsáveis pela produção de 54% do oxigênio do mundo, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Florestas. Porém, esse fato não muda a grande importância da floresta a manutenção do Planeta. As árvores transpiram vapor d’água, um processo conhecido como evotranspiração, não é tão visível aos olhos, contudo é responsável por levar chuvas para o restante do País. A floresta além de englobar países próximos ao Brasil e alguns estados da região Nordeste, ela abrange também toda a região Norte do País. Mesmo com vários benefícios que ela possui, parece ser esquecida por uma parcela considerada de brasileiros. Parte da Amazônica vem sofrendo de forma indiscriminada por falta de decisões governamentais que a proteja das investidas de ações de empresários e de investidores que somente querem o lucro ao final de tudo. Mas irônico é ver que embora considerada o pulmão do mundo, o seu povo clama nessa pandemia por oxigênio, especificamente o estado do Amazonas. Desde o final de 2020, o Estado vem passando pela segunda onda da Covid-19, com lotação de hospitais, falta de leito para pacientes e fila de espera para internações. O que não era de se esperar, era que no meio de todo esse caos, desse colapso na saúde pública do Estado, faltaria oxigênio para atender pacientes internados. A quantidade de oxigênio quadriplicou nos últimos meses e a situação se tornou dramática, não havendo uma resposta imediata das autoridades. Foto: BRUNO KELLY/REUTERS (Jornal da Record-R7) Pacientes precisaram ser transferidos para outros estados brasileiros para serem atendidos de forma adequada, visto a superlotação dos hospitais, públicos e privados e das UBS. Não eram apenas os pacientes com Covid-19 que estavam sofrendo com a falta de oxigênio e os devidos insumos hospitalares, mas também recém-nascidos, que estavam nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), e aqueles que estavam em tratamento domiciliar. Além de receber doações de cilindros de países vizinhos, como a Venezuela, a capital do estado recebeu cilindros de oxigênios doados por artistas, atores e cantores que se sensibilizaram com a situação e se mobilizaram para enviar para Manaus não somente cilindros de oxigênio, mas também outros insumos médicos. Foram mais de 300 cilindros cheios de oxigênio que começaram a chegar a Manaus a partir do dia 15 de janeiro. Com toda essa repercussão surgiram ONG’s manauaras que também ajudaram os hospitais e as UBS, pedindo ajuda das pessoas nas redes sociais para a doação de alimentos, materiais hospitalares, medicamentos e, principalmente, oxigênio. Muitas delas ficaram de plantão levando alimentos para os acompanhantes dos pacientes e os profissionais da saúde. Nas redes sociais, o governador do Estado, Wilson Lima (PSC) se pronunciou dizendo que o principal problema não era a falta de recursos ou a falta do produto no mercado nacional, e sim o transporte de oxigênio até o Amazonas, visto que apenas as aeronaves da Força Aérea Brasileira podiam transportar e ainda assim em quantidades pequenas pelo risco. Mas o que seu viu foi uma onda de solidariedade de artistas e de pessoas anônimas que retiraram do próprio bolso o dinheiro necessário para a entrega dos cilindros de oxigênio aos amazonenses. Foto: Elos do Sistema de Comunicação Social da Aeronáutica (SISCOMSAE) Essas doações estão indo também para os municípios do Estado, que estão em uma situação similar com a falta de oxigênio. Na semana passada, sete pessoas morreram asfixiadas pelo atraso da entrega de cilindros no município de Coari. A situação ainda está sendo controlada. Diariamente, pacientes lutam para sobreviver no Amazonas, pois o acesso ao oxigênio continua sendo difícil. Além de estarem em falta, os preços dos cilindros aumentaram absurdamente, dificultando a sua compra pelos familiares dos pacientes. Em meio à segunda onda da Covid-19, o Ateliê Amazônico pede, se puder, fique em casa! E se sair, não esqueça de usar a máscara e o álcool em gel. Autora: Ana Carolina Leão
Fonte Floresta Amazônica é rica em biodiversidade, mas não é o pulmão do mundo Oceanos são os pulmões do planeta Esclarecimento: a Amazônia não é o pulmão do mundo Ministério consegue oxigênio para 61 recém-nascidos em Manaus Cilindros de oxigênio chegam a Manaus para ajudar na crise de Covid-19 no estado Força Aérea Brasileira - Fotos “Aquele que defende o Tocador de fogo nas Florestas também é um Destruidor de vidas.” Tiburcio. Sabe-se que os altos índices dos focos de incêndios na Amazônia não estão ligados somente ao fato dos meses de agosto e setembro serem um período seco no bioma. Isso ocorre, também, devido ao ato recorrente e ilegal de desmatamento, proporcionando altas chances do fogo, em áreas agrícolas ou recém-desmatadas, sair do controle e atingir a floresta. Seja por conta dos dias prolongados sem chuvas, das temperaturas elevadas ou da baixa umidade relativa do ar, ocorre, assim, a queima do material biológico originário de toda essa devastação. Foto de Bruno Kelly/ Amazônia Real Conforme os dados das pesquisas do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (DETER), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mais de 609,89 km de mata já foram desmatados na Amazônia, uma área equivalente a cinco vezes o município de São Paulo. As queimadas estão batendo os recordes dos anos anteriores. Em agosto de 2020, foi registrada uma média de 29.307 focos de incêndios, ultrapassando a média do ano de 1998, que eram 26.082 focos. Imagem dos dados do Inpe Deste modo, a Amazônia está em chamas. Resultado das omissões e negligências realizadas pelo nosso atual presidente da república e o seu ministro do Meio Ambiente, os quais minimizam o desmatamento, as queimadas e a ação de garimpeiros e mineradoras ilegais. Isso favorece cada vez mais a degradação do bioma e visa apenas a seus interesses econômicos. A Floresta Amazônica abrange mais da metade da biodiversidade do planeta, e é necessário que o governo desenvolva ações de incentivo para recuperação da área ambiental que foi assolada e, por conseguinte, altere seus projetos ambientais para novas políticas públicas de valorização e de sustentabilidade. Portanto, sendo considerada a maior floresta tropical do mundo, com uma imensa biodiversidade, a Amazônia deve ser tratada com cautela, pois preservá-la é contribuir para estabilizar outros ecossistemas na região e garantir serviços ecológicos como a qualidade do solo e dos estoques de água, além de evitar erosões e assoreamentos. A região também alimenta vários organismos e abriga diversos povos indígenas que vivem em suas terras e dependem da sua existência saudável para poderem continuar perpetuando seu modo de vida e suas culturas, além de preservarem o meio ambiente. Foto de Avaaz Autora: Nayandra Oliveira
Referências https://jornal.usp.br/ciencias/desmatamento-da-amazonia-dispara-de-novo-em-2020/ http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/app/dashboard/alerts/legal/amazon/aggregated/ Também segue o link do Podcast O assunto #01: Amazônia em Chamas: https://open.spotify.com/episode/1dzpInVwO4rx80MeJ7w3dp?si=MfoQI7qnROm208c--KhpEA Como é a fertilidade dos solos da Região Amazônica e a origem da Terra Preta, importante tesouro antropogênico. Diferença entre a Terra Preta de Índio e o solo normal amazônico Arte: Patrícia Kalil e Tom Bojarczuk A Região Amazônica possui uma variedade de espécies exóticas e ricas em sua vegetação, oferecendo não só uma paisagem, mas um estilo de vida saudável para os habitantes, incluindo o uso medicinal de plantas e frutos. Vista aérea da Floresta Amazônica Fonte: FotoNatural O que a maioria das pessoas não sabe é que o solo que sustenta essa imensa floresta não é naturalmente fértil, ou seja, não seria totalmente adequado para o plantio sem algum tipo de intervenção humana. “Na verdade, o que torna o solo amazônico fértil é a camada de matéria orgânica que tem sobre ele. Grande parte do solo da Amazônia sofre ação biológica por meio do clima, da fauna e da própria flora”, conta Itáguacy Garcia, técnico agrônomo na AMBEV (Companhia de Bebidas das Américas). Segundo levantamentos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), apenas 14% dos solos amazônicos são adequados para a agricultura. A degradação do solo é o principal fator que ocasiona a infertilidade na região. Degradação é o processo pelo qual o solo perde nutrientes. Lixiviação, poluição direta, desertificação e salinização são tipos de degradação. A ação do homem, por meio do desmatamento e do processo de lixiviação, aliados ao clima, ocasionam a perda dos nutrientes necessários para um solo produtivo. Lixiviação nos solos amazônicos Lixiviação ou erosão laminar é o nome dado à “lavagem” do solo pelo escoamento de água, muito presente em regiões tropicais e equatoriais. Na Amazônia, este processo acontece devido ao grande índice pluviométrico e à acidez dos rios, como é o caso das regiões banhadas pelo Rio Negro, conhecido como “Rio da Fome” por ser altamente ácido. A relação do indígena com o solo e a TPI O solo costuma ser um grande depósito para as comunidades que vivem na floresta. Nele são acumulados dejetos humanos, resquícios de fogueiras, carcaças de animais, restos de alimentos, além dos próprios corpos que são enterrados e de fragmentos de materiais utilizados em artesanatos, como cerâmicas e ferramentas feitas de pedras. Estudos afirmam que a Terra Preta de Índio (TPI) é consequência de toda essa bagagem antropogênica, ou seja, dos resíduos químicos e biológicos formados a partir do que foi disposto no solo pelas antigas civilizações. Solo de Terra Preta Foto: Nendra Sued “Isso tudo se decompôs ao longo do tempo e, como tudo o que era despejado na terra continha muitos nutrientes, se formou uma camada de solo rica, principalmente em carbono e que é extremamente fértil. Com certeza é a terra mais fértil da Amazônia. No estado do Amazonas, ela é encontrada em municípios como Iranduba, Parintins e Autazes”, informa Itáguacy Garcia. Sítios Arqueológicos com Terra Preta na Amazônia Fonte: Fábio Sanson (ResearchGate) Manchas de Terra Preta são observadas em sítios arqueológicos, possuindo extensões de até 350 hectares e profundidade de até dois metros. São muito escuras e contêm elementos como fósforo (P), manganês (Mn), magnésio (Mg), nitrogênio (N), cálcio (Ca) e carbono orgânico (TOC), o que as difere dos demais tipos de solos encontrados na Região Amazônica. Componentes na camada da Terra Preta que não estão presentes em outros solos Fonte: The Plaid Zebra Magazine Outros tipos de solos Além da TPI, há outros solos com as mais variadas características encontrados na Amazônia. Os Yanomami os denominam principalmente pela morfologia, teor de matéria orgânica e presença de minhocas, podendo essa classificação ser equivalente às denominações taxonômicas que existem atualmente. Alguns deles são: Latossolo Amarelo (Maxita a axi); Plintossolo (Maxita a axi a maamaxipë); Argissolo Vermelho-Amarelo (Maxita a uuxiwakëaxi) e Argissolo Amarelo (Maxita a axi). Classificações e características dos solos segundo os Yanomami O processo de formação da TPI pode ser observado no vídeo a seguir:
O segredo da Terra Preta Autora: Nendra Sued Principais Referências E se falássemos sobre Terra Preta? Terra Preta de Índio (TPI) Terra Preta: O legado da agricultura sustentável amazônica Terra Preta de Índio: uma lição dos povos pré-colombianos da Amazônia A Floresta Amazônica é um lugar paradisíaco com uma imensa diversidade cultural. É habitada por povos indígenas há mais de 11 mil anos e é considerada a maior floresta tropical do mundo. Chamada também de floresta latifoliada equatorial, apresenta folhas grandes e largas, sendo classificadas como: perenes por não perder as folhas em nenhuma das estações e hidrófilas por serem adaptadas à presença de água em abundância. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Floresta Amazônica está localizada no Brasil, onde ocupa uma área de 4.196.943 de km, e também na Bolívia, na Colômbia, no Equador, na Guiana, na Guiana Francesa, no Suriname, no Peru e na Venezuela, possuindo um valor imensurável para o mundo. Foto: Felipe Mendes Fauna É inegável o quanto a biodiversidade da fauna amazônica é vasta e exuberante. Há diversos animais como: onças pintadas, peixes-boi, sucuri, jabutis, ariranhas, tucanos, araras, jiboias, suçuaranas, pirarucus e lontras. A Floresta Amazônica possui um inventário com cerca de 311 espécies de mamíferos, 378 variedades de répteis, mais de 1,3 mil tipos de aves, 427 classes de anfíbios e mais de três mil variações de peixes. Além do mais, há também muitas espécies endêmicas, formando uma verdadeira aquarela amazônica. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o bioma abriga 10% das espécies de primatas do mundo. O povo amazônida alimenta-se da fauna de modo sustentável, com a caça e a pesca há muitos anos. É importante ressaltar o potencial em que a floresta tem em transformar e gerar benéficos. “Essa floresta me mantém vivo todos os dias! É ela que fornece o alimento para minha família, além de me curar com suas plantas naturais. Ela purifica.” disse Kaique Pereira, indígena da etnia Tikuna. Recorrentemente, são realizados estudos nos quais é possível descobrir a qualidade medicinal de algumas espécies, por exemplo: o veneno produzido pela serpente Brothorps Asper, uma cobra tropical encontrada na Amazônia, possui inibidores de enzima conversora de angiotensina (ACE), o que ajuda milhões de pessoas a controlar a hipertensão. A gordura do peixe-boi é usada para fazer pomadas, o veneno da rã-kombô (Phyllomedusa bicolor) é usado por alguns grupos indígenas para tratar doenças e até mesmo a boto terapia, uma prática que usa técnicas da fisioterapia e a interação com os botos para o tratamento de pessoas com problemas motores. Foto: depositphotos Amazônia Legal De acordo com as diretrizes do IBGE, a Amazônia Legal é a área de atuação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), delimitada no artigo 2° da lei completar n° 124, do dia 3 de janeiro de 2007. Composta por nove estados, sendo divididos em: 22 municípios do estado do Acre, 16 no Amapá, 62 no Amazonas, 141 no Mato Grosso, 144 no Pará, 52 em Rondônia, 15 em Roraima, 139 em Tocantins e 181, dos quais 21 foram parcialmente integrados ao Estado do Maranhão. O principal intuito é o reconhecimento das unidades político-administrativas do Brasil localizadas na área definida como Amazônia Legal, a qual se qualifica a tratamento específico em função de suas características climáticas. Em sua configuração atual tem uma extensão total de aproximadamente 5.020.000 km2. Com mais de mil rios, a Amazônia possui uma importância estratégica por seu imenso potencial de recursos minerais, hidrelétrico e para o manejo de recursos pesqueiros e agricultura. Nos estados da Amazônia Legal brasileira, a população indígena, conforme o Censo IBGE 2010, é de 433.363. Esta população abrange cerca de 24 dos 34 distritos sanitários especiais indígenas, mantidos pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) e possui grande diversidade étnica (por volta de 80 etnias) e de línguas e dialetos. Em São Gabriel da Cachoeira/AM, por exemplo, além do português, são consideradas oficiais as línguas indígenas nheengatu, baniua e tucano. Foto: Murilo Cardoso Desafios Um relatório publicado no dia 26 de agosto pela Organização Human Rights Watch, pelo Instituto de Estudos para Política de Saúde e pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, apontou que no ano de 2019 os altos níveis de queimadas foram relacionados a 2.195 internações na rede pública no Pará e em outros Estados que compõem a Amazônia Legal. Em entrevista para o Ateliê Amazônico, o advogado ambientalista, Luiz Hayden relatou: “A região amazônica é vista com muita importância mundo afora, entretanto sofre grandes negligências no Brasil.” e acrescentou: “É triste, pois para conter os surtos de doenças respiratórias causadas pelas queimadas, é necessário controlar o desmatamento e direcionar o olhar para a efetivação de políticas públicas que amparem tanto a região quanto os seus cidadãos.” Os números do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), um sistema de apoio à fiscalização e controle do desmatamento e degradação, mostram crescimento de 28% de desmatamento no período de agosto de 2019 a julho de 2020, em comparação com os anos anteriores. Esses dados indicam áreas totalmente desmatadas, bem como áreas em processo de degradação florestal, como: mineração, queimadas, exploração de madeira e grilagem de terras indígenas. O Ministério do Meio Ambiente informou no dia 31 de agosto que a Secretaria de Orçamento Federal (SOF) bloqueou cerca de 60 milhões de reais que seriam usados para o combate ao desmatamento. Com isso, todas as operações atuantes contra o desmatamento ilegal na Amazônia estão interrompidas, havendo um grande congelamento de verbas destinadas ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA) e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio). Foto: Reuters R. Moraes Referências: Marcos Científicos para salvar a Amazônia Ecoamazônia BBC News Brasil Metodologia utilizada nos Projetos PRODES e DETER Autora: Nayandra Oliveira
|
|