Entenda a desigualdade no acesso à saúde A definição de saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Além disso, o direito à saúde é um bem assegurado pelo Art. 196. da Constituição Federal de 1988, em que expõe que é dever do estado, mediante políticas sociais e econômicas, reduzir o risco de doenças e de outros agravos, bem como a promoção, a proteção e a recuperação de ações e serviços para a saúde. A saúde abrange uma gama de aspectos essenciais para cada indivíduo, seja ele pobre, rico, portador de deficiência ou não, independente da classe social. A criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, exprime uma longa luta dos brasileiros, organizados, na defesa e garantia constitucional do acesso à saúde de qualidade no país. O SUS é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, abrangendo desde a distribuição de vacinas, realizada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), a transplantes de órgãos e as rotinas diárias de atendimento. A grandeza e a potência que o SUS carrega no território brasileiro, como observado na pandemia da Covid-19, há povos e segmentos sociais excluídos dos serviços disponíveis pelo Sistema, seja devido a circunstâncias inesperadas, seja em situações possíveis de serem solucionadas. Os ribeirinhos, residentes em municípios e/ou comunidades próximo. As de rios, são um dos exemplos de cidadãos impactados pela dificuldade de acessibilidade aos serviços básicos de saúde. Sob a alegação da falta de recursos, que deveriam ser fomentados pelas administrações públicas do estado e a exacerbação da distância dessas localidades como desculpa, centenas de famílias ribeirinhas estão impedidas de ter acesso normal ao SUS. O acesso a essas comunidades é feito por meio do transporte fluvial (barcos, canoas ou jatos, que são mais velozes). A mobilidade da equipe de saúde, assim como dos equipamentos, demora a chegar às comunidades, sofrendo atrasos por várias razões, desde a falta de um adequado planejamento, respeitando as especificidades desses lugares, até as chuvas mais intensas e ao regime de enchente/vazante, cheia/seca dos rios. Em entrevista à Agência Notícia do IBGE a moradora do município de Careiro da Várzea, situado a 20 km a Sul-Leste de Manaus, Ângela Maria, revela seu desejo perante aos serviços de saúde para o tratamento de sua cirurgia de catarata, assim como para a comunidade: “Ter um posto de saúde melhor melhoraria a situação, porque nosso posto é muito básico. Tenho que me deslocar constantemente para Manaus para me consultar com o médico”, expõe. Assim como os ribeirinhos, profissionais da saúde que trabalham na comunidade também relatam a dificuldade do acesso aos pacientes. A psicóloga Rosana Karine Simas Araújo, de 40 anos, que trabalha na prefeitura municipal de Careiro da Várzea, no distrito Terra Nova, salienta que além do demorado atendimento aos municípios, o alcance da internet prejudica as consultas. “Sou psicóloga e, às vezes, necessitamos de atendimento com psiquiatra. Dessa forma, precisamos de uma rede de WI-FI, mas a internet possui muita instabilidade, não chega aos barcos, mesmo o município estando somente a 25 km distante de Manaus. A rede de telefonia tem enorme oscilação não sendo possível realizar as consultas via telemedicina, fazendo com que o paciente tenha que se deslocar para a sede de outro município”, aponta a psicóloga. A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) implantou, no início da pandemia da Covid-19 o Programa Saúde na Floresta (PSF). Projetado para ampliar a rede de acesso de saúde a distância para comunidades ribeirinhas e indígenas, o programa instala pontos de internet nas comunidades, facilitando as consultas por telessaúde, como as da psicóloga Rosana Karine Simas Araújo, assim como instala pontos de inclusão digital para os territórios indígenas. As ferramentas utilizadas vão de antenas de acesso à internet via satélite, painel solar para geração de energia elétrica, gerador backups de segurança e computadores portáteis. De acordo com o site Mosaico: Portal de dados do Investimento Social, a diversidade do apoio a saúde de qualidade do PSF compõe três formatos de apoio remoto: teleducação para profissionais de saúde; teleorientação para esclarecimento de dúvidas sobre protocolos em combate à Covid-19; teleatendimento médico ou psicológico entre os profissionais de saúde e seus pacientes.
Por: Thamires Bandeira
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