Há pouco tempo li o novo livro do Ailton Krenak, Futuro Ancestral. A cada página, um ensinamento. Frases que à primeira vista podem parecer simples, mas um olhar mais atento nos mostra o quanto ainda temos a aprender a respeito de florestania, de adiar o fim do mundo, da concepção de um Estado plurinacional em detrimento deste, que possui um DNA pirata e bandeirante, como bem pontua o autor.
Krenak publicou muitos livros nos últimos anos, alguns bem conhecidos, como Ideias para adiar o fim do mundo, e outros nem tanto, como Lugares de Origem, escrito em parceria com Yussef Campos. E os ensinamentos de cada um dos livros – sim, li a maioria – são tantos, que um editorial não seria suficiente para convencer você, caro leitor, a parar tudo o que está fazendo e tentar, mesmo que por uns instantes, ver o mundo com os olhos desse autor enquanto se delicia e se incomoda com a leitura de seus livros. Mas esse editorial não é sobre o Krenak, exatamente. Até aqui falei do indígena talvez mais famoso do Brasil, com uma produção invejável e que por algum motivo conseguiu furar a bolha do pensamento colonizado e trazer outras ideias e outras formas de pensar, principalmente para quem vive em um mundo feito de concreto, de asfalto e de máquinas. E se esse editorial não é sobre Krenak, sobre o que é então? Sim, é sobre os povos originários e os seus saberes, que na concepção de um Estado plurinacional seriam muito mais valorizados, ouvidos e compreendidos... Fico aqui pensando em quantos outros Krenaks, Kaiapós, Apurinãs, Muras, Yanonamis, só para citar alguns, possuem igual ou maior sabedoria que o Ailton. E que passam despercebidos aos nossos olhos porque as telas e os algoritmos viram nossos olhos para outra direção. Nossa forma de viver, já está mais que provado, não tem funcionado muito bem. Resta-nos ter humildade para compreender que temos muito a aprender e muito pouco a ensinar a respeito de determinados temas, principalmente com relação ao meio ambiente. Só assim será possível adiar o fim do mundo. Para começar, esta semana, as duas matérias que você lê no Ateliê Amazônico trazem histórias de homens e mulheres indígenas com vidas absolutamente diferentes da nossa. E nos lembram: o quanto ainda precisamos caminhar para traçar um futuro ancorado na ancestralidade. Boa leitura! Professora Aline Lira
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A chegada da Páscoa nos remete a pensar sobre o seu real significado. Mais amor, mais fraternidade, mais irmandade e mais respeito ao próximo é o que o queremos no nosso dia a dia.
Mas em uma sociedade capitalista, vive-se também do comércio... A venda de produtos nesse período é uma realidade. O comércio aquece com a exposição de tudo vinculado à Pascoa, como chocolates, ovos, doces e outros produtos relacionados a essa data. Cristãos têm o seu modo de ver essa data comemorativa; o comércio tem outro olhar, ou olhares. Esse assunto, caro (a) leitor (a), você encontra na secção Cumbuca Cultural. Vamos para outro tema discutido no Ateliê Amazônico desta semana, que é referente às religiões de matrizes africanas, cujos povos da África, escravizados pelos europeus, aportaram nas terras tupiniquins. Pare um pouco e dê uma lida nesse texto interessante, que encontra-se na secção Há Quem Diga deste blogue. Boa leitura e sejamos mais doce uns com os outros! A gente se vê por aqui Professora Célia Carvalho O universo cultural é o tema desta edição do Ateliê Amazônico. Uma viagem lendária conta fragmentos da história de Jurupari, os entrelaçamentos do patriarcado e do matriarcado, os rituais dos povos indígenas e suas cosmologias.
Noutro texto os leitores poderão saborear um pouco da Nigéria no Brasil, do yorubá, das travessias feitas ora pela escravização de humanos ora pela resiliência e resistência de escravizados constituindo uma das feições da afro-brasilidade. Nas duas abordagens, a cultura é a canoa do tempo, da transformação e da ligação. Por meio dela, os laços colonizadores dos projetos de desenvolvimento, de expansão dos negócios, da política e de posicionamentos são apresentados. Neles, estão a possibilidade de ampliação de leitura, do apropriar-se do conhecimento sobre os povos da Amazônia e da diáspora africana e construir outras percepções em oposição à colonialidade e ao pensamento único. Boa leitura e até mais! Professora Ivânia Vieira Magnífico. Talvez, seja essa a palavra, ou talvez não, para descrever a imponência de um dos maiores monumentos da art nouveau construído em Manaus: o solene Teatro Amazonas. Não se consegue pensar em Manaus dos Trópicos sem pensar na grandiosidade dessa belezura, inaugurado em 1896, para firmar a riqueza da elite da época, mostrando um progresso econômico e cultural da cidade.
Sabe-se bem que Manaus cresceu devido ao Ciclo da Borracha. Várias histórias, reais ou não, são contadas sobre esse período épico, em que os abastados acendiam os charutos com notas de hum mil réis. Além, obviamente desse símbolo cultural, a metrópole, pode-se se assim dizer, respirava dinheiro, dinheiro, muito dinheiro. E tudo isso, você encontra na secção “Deixa eu te falar”. Outro assunto em destaque no Ateliê Amazônico desta semana é a representatividade da cultura indígena estampada nos vários traços e riscados dispostos em objetos confeccionados por povos que habitam a região Amazônica. Para eles, esses traçados geométricos marcam a sua identidade, os seus ritos, as suas crenças e a sua história. Para saber mais, acessem a secção "Na Oca" e entendam a simbologia dessa maestria de arte da cultura dos povos originários. Boa leitura e até mais! Professora Célia Carvalho Discutir assuntos pertinentes à Amazônia é uma obrigatoriedade de todos que moram por essas bandas, nascidos ou não aqui. E pensar a Hileia Amazônica em bases científicas torna-se crucial para o seu crescimento e desenvolvimento. Para isso, alternativas precisam ser edificadas com o intuito de preservar o que de mais belo e vital para o planeta Terra se tem nessa região: a sua floresta.
Estimular a exploração dessa região de forma sustentável é um dever dos atores constituintes da sociedade brasileira, seja por meio de projetos governamentais, seja pela iniciativa privada, que precisa entender que a vida humana depende necessariamente de sua preservação. O Ateliê Amazônico trouxe para esta semana um exemplo de como explorar o que a floresta oferece, sem danificá-la, além de apresentar um projeto do governo federal, o Rota da Diversidade, para os interessados em investir de forma efetiva. Mas pensa só que viver no Amazonas não é nada fácil. Diga lá os ribeirinhos, que precisam se acostumar desde criança com a subida e a descida dos rios, com falta de infraestrutura nos campos da saúde, da educação, da segurança e com a falta de recursos financeiros. Essa maneira de levar a vida, você encontra na secção “Fala, Beiradão!”, que aborda a rotina de quem mora às beiradas do rio. E antes de finalizar, quero desejar um 8 de março pra lá de bacana para todas as mulheres desse mundão. Até mais. A gente se encontra sempre por aqui! Professora Célia Carvalho A floresta amazônica em agonia aguda revela ao mundo uma das expressões da tragédia humana deste século: os yanomami submetidos a um plano genocida. Em quatro anos (2019-2022), 570 crianças, com idade inferior a cinco anos, morreram na Terra Indígena Yanomami (TIY) e, na atualidade, a maior parcela da população habitante do território brasileiro no Estado de Roraima, encontra-se em agudo grau de desnutrição, pneumonia, malária e tuberculose.
O povo yanomami, no Brasil e Venezuela, soma 35 mil pessoas (ISA-2011), sendo aproximadamente 20 mil do lado brasileiro. É praticamente o mesmo número de garimpeiros que ocupam ilegalmente a terra indígena, com apoio de governos, do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, de militares, empresários, religiosos e comerciantes de ouro. Com as terras invadidas, sob constante violência e a atividade garimpeira, algumas das comunidades yanomami encontram-se impedidas de coletar, caçar e pescar, de beber a água do rio, contaminada por mercúrio. O quadro, fruto da omissão governamental, produziu as cenas reais que chocaram a comunidade internacional – humanos esquálidos e doentes, incapazes de andar, muitas mortes. O rastro da destruição é longo. Atingiu as vidas de homens, mulheres e crianças, e está visível nas áreas desmatadas, nos rios contaminados. É essa floresta agonizante que pede socorro. Ao mesmo tempo, outra parte dela, no Amazonas -sob ameaça dos ataques – oferece possibilidades de cura a inúmeras doenças. Ao desenvolvimento equilibrado, com o correto manejo dos recursos da natureza para a produção de uma infinidade de produtos fármacos, fitoterápicos e incrementos tecnológicos de interesse global. Iniciativas locais, como o empreendimento DARVORE, mostram a importância de manter a floresta e tratá-la com respeito, o que significa defender a vida dos povos indígenas, da terra, das árvores, das águas e dos animais. É essa Amazônia que luta para existir e garantir a vida de outras espécies. Boa Leitura! Professora Ivânia Vieira Por muitos e muitos anos trabalhei como RP em empresas do Pólo Industrial de Manaus (PIM). E um dos discursos mais comuns nesse meio é como as indústrias são responsáveis pela economia da cidade, gerando emprego e renda. Inevitavelmente, esse discurso era encerrado com: imagina se Zona Franca acaba, como a cidade vai ficar?
Também em momentos de transição de governo, sempre surge essa discussão. Alguns chegam a propor soluções, mas nenhuma até agora havia surgido como alternativa efetiva de economia para a cidade de Manaus. Até agora. Porque o Leonardo Mota, na matéria “Polo digital de Manaus se mostra competitivo e Amazonas é destaque em levantamento feito pela Fiec”, mostra uma possibilidade interessantíssima para a nossa região: a tecnologia aliada aos saberes regionais. Fruto de um trabalho pesado e conjunto entre o preparo técnico da Universidade Federal do Amazonas, com seu curso de Ciência da Computação que tem recebido destaque nacional e internacional, e de empresas nacionais e multinacionais, as empresas de tecnologia locais têm-se apresentado como alternativa sustentável para a economia da nossa Região. Já a matéria “A sobrevivência de idiomas nativos pela tecnologia”, de Isabelle Assunção, mostra como está se desenvolvendo um corpus digital de línguas indígenas, algumas ameaçadas de extinção. Vale lembrar que esse trabalho não é importante só em função da preservação de línguas ameaçadas; na verdade, uma Língua, independente de sua origem, é fonte de saberes, de leituras da realidade e de culturas que, às vezes, só determinados povos possuem. Não é só pelo caráter exótico de se preservar a Língua, diferente em estrutura e em léxico, mas sim pela manutenção de culturas que merecem e têm o direito de ser preservadas. Em tempos de inteligência artificial, de tecnologias usadas para manipular o público, não só politicamente, mas principalmente visando ao consumo, é um alívio ter provas de que a tecnologia, em si, é neutra. E que esta semana o Ateliê Amazônico traz dois bons exemplos de como ela pode ser utilizada como ferramenta de melhoria de nossa qualidade de vida. Boa Leitura! Professora Aline Lira Pensar na UFAM é pensar na exuberância de sua floresta, que abriga fauna e flora diversificadas. Centrada no bairro Coroado, antes pertencente à Instituição, o fragmento verde florestal carece de um olhar mais aguçado por parte da comunidade universitária, constituída por professores, técnicos em educação e estudantes. Também concorre a essa obrigação a Administração Superior da Universidade, que precisa investir e derivar esforços para a preservação e a conservação desse bioma, e quem sabe transformá-lo em parque aberto para visitação. Essa questão é séria, caro leitor, e você se informa de forma mais aprofunda na secção Curumim.
Outro assunto em destaque no Ateliê desta semana é sobre o sabor dos peixes amazônicos que atrai o interesse dos turistas. A velha, mas verdadeira, frase “quem come jaraqui nunca sai mais daqui” encanta os visitantes, que experimentam as iguarias da culinária amazonense, inclusos os famosos tambaqui e pirarucu, pensando quem sabe em morar definitivamente nessa Região que ajuda a sustentar e a manter o planeta Terra vivo. Isso, e muito mais, está disponível na secção Aquarela Amazônica. Vai lá e dá uma olhada. Até mais! Professora Célia Carvalho É da arte musical e suas conexões a viagem deste Ateliê Amazônico na edição da primeira semana de fevereiro de 2023. Para quem viveu os anos de 1980, uma das matérias oferece o rio da memória com lugar assegurado a cada lembrança – das cenas que estão presentes neste texto àquelas não mencionadas, mas por ele acionadas. Aos que vieram depois, é um convite: conheça a cultura artística dos anos de 1980 na cidade de Manaus, reviva, percorra ambientes, descubra elos com a atualidade.
Sem perder o ritmo e sim ampliando-o, a outra matéria mostra como os grandes shows realizados na capital amazonense estão se constituindo em espaços de oportunidade para a divulgação e disseminação de talentos amazonenses. É espetáculo do espetáculo. Músicos e profissionais de outras áreas, como figurinistas, de iluminação, técnicos de som são mobilizados para criar/apoiar o ambiente de realização desses shows. Cantores da região são cada vez mais solicitados a fazer parcerias nesses espetáculos nacionais e internacionais. As participações envolvem a abertura dos shows e até dividindo cenas com as atrações principais e tornam-se janelas para esses artistas se apresentarem a plateias numerosas e diversas projetando arte e talento locais. A atitude tem dado certo. É gentil das estrelas nacionais e internacionais convidar os de casa para ser parte e conduta agregadora por meio da qual artistas amazonenses estabelecem novas convicções e ampliam oportunidades de divulgar suas músicas. Então, 'lança perfume' e segue a pista musical. Professora Ivânia Vieira E, aí, caro Leitor, 2023 chegou chegando, né?
E, claro, que o Ateliê Amazônico também chegou chegando, com o propósito de discutir assuntos de interesse público, que afetam, de forma positiva ou não, os que moram nessa banda do Brasil. Então, não dá para não ler as duas pautas abordadas no blogue. No “Há Quem Diga” está sendo apresentada uma abordagem para lá de surreal. São as lendas urbanas, que para quem acredita, e até mesmo para aqueles que são descrentes, mexe com o imaginário das pessoas. Sereia na praia da Lua e fantasmas no mundialmente conhecido Teatro Amazonas são destaques nessa secção do Ateliê Amazônico. No caso do teatro, a sua imponência e grandiosidade remete a se pensar que essas histórias têm um fundo de verdade, não é mesmo? Sendo real ou não, sozinha é que eu não me arrisco a visitar de madrugada esse monumento. Mas outro assunto que assusta a todos diz respeito às enchentes, que amedrontam parte da população de Manaus durante o inverno amazônico. As causas principais são debatidas pela professora do curso de Geografia da UFAM, a pesquisadora Adorea Rebello. Vale lembrar que as causas, obviamente, são ações humanas. E a secção “Até o Tucupi” traz tudinho sobre esse maior medo de quem reside em áreas de risco durante esse período chuvoso. A gente se encontra por aqui. Até mais! Professora Célia Carvalho |
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