A Rodovia Álvaro Maia, conhecida como BR-319, foi construída durante a ditadura militar (1964-1985), sendo inaugurada em 1976. A rodovia corta a floresta amazônica ligando os estados do Amazonas e de Rondônia, e, a partir de Porto Velho, ao restante do País. A rodovia ficou intransitável em 1988, sendo desativada em razão ao alto custo de manutenção e tráfego insuficiente que justificasse o investimento em manutenção. A BR-319 Com 885 quilômetros de extensão, a rodovia percorre os municípios amazonenses de Borba, Beruri, Manicoré, Tapauá, Canutama e Humaitá. O objetivo de sua construção era facilitar a migração para a Amazônia e integrá-la ao resto do País e, por isso, em 1970 a rodovia foi incluída no Programa de Integração Nacional – PIN do Governo Federal. A estrada, durante seu pleno funcionamento, cumpriu a proposta inicial, proporcionando rota entre Amazonas e o restante do Brasil, e ampliando o transporte de cargas - que até então ocorria exclusivamente por meio dos rios - para o modelo rodoviário. No entanto, a construção da BR-319 é marcada por críticas quanto aos seus impactos físicos, ambientais e sociais. Localizada no coração da Floresta Amazônica, a rodovia revela ser uma ameaça à fauna, à flora e ao bioma amazônico, que abriga milhares de espécies inclusive ameaçadas de extinção. Além disso, as populações indígenas que habitam a região temem as consequências da repavimentação da rodovia. Segundo dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), foram investidos mais de R$80 milhões em estudos ambientais para a realização das obras. Em estudo, o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, afirma: “Uma vez novamente trafegável, a BR-319 facilitaria a migração do “Arco do Desmatamento”, do sul da Região Amazônica, para novas e mais distantes fronteiras ao norte com os impactos excedendo os limites do Amazonas e chegando até Roraima”. Os estudos de impacto Segundo dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), foram investidos mais de R$80 milhões em estudos ambientais para a realização das obras. Em estudo, o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, afirma: “Uma vez novamente trafegável, a BR-319 facilitaria a migração do “Arco do Desmatamento”, do sul da Região Amazônica, para novas e mais distantes fronteiras ao norte com os impactos excedendo os limites do Amazonas e chegando até Roraima”. Todavia, além dos impactos ambientais, a pavimentação da BR-319 não se demonstra viável economicamente. Um levantamento realizado pelo Conservation Strategy Fund indicou que a rodovia causaria prejuízo atualizado de até 316 milhões de reais em um período de 25 anos, sendo o modelo vigente de exportação fluvial mais acessível. Segundo relatório do Ministério da Infraestrutura, publicado em 2021, o valor total das obras custariam R$1,4 bi, sendo esta quantia destinada a custos com projetos de engenharia, estudos compensações ambientais. Ainda de acordo com o relatório, as etapas da obra serão: Instalação de canteiros de obras, terraplanagem, drenagem, pavimentação, sinalização e obras complementares, recuperação ambiental das áreas utilizadas nas obras, e finalização. Serão construídas, ainda, construídas 71 pontes para passagem sob rios e igarapés, 243 passagens de fauna e 49 passagens aéreas de fauna. O documento reforça a existência de Unidades de Conservação Federais e Estaduais que cercam a BR. “A presença e manutenção dessas áreas diminuem bastante as chances de desmatamentos na região, preservando a fauna (animais) e a flora (plantas)”, aponta o Relatório. Com média anual de 2.500 mm por ano, a área correspondente à BR-319 recebe grande quantidade de chuvas, sendo esse um dos grandes desafios para quem trafega na rodovia. O clima equatorial, característico da Região Amazônica, é marcado por altas temperaturas e regime de chuvas intenso. As estações são definidas por Verão Amazônico (menor quantidade de chuva, durando de junho a outubro) e Inverno Amazônico (grande quantidade de chuvas, entre outubro e maio). Uma estrada em debate O debate acerca das obras de pavimentação da BR-319 é intenso. Fruto de um plano de governo desde sua criação, a construção ou não da rodovia é pauta política nas Câmaras e no Senado. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) listou os impactos positivos e negativos da não realização das obras de pavimentação da BR-319. Veja no quadro a seguir: A favor da BR-319 Em entrevista ao Ateliê Amazônico, o presidente da Associação Amigos da BR-319, André Marsílio, apresenta a perspectiva daqueles que defendem a pavimentação do “trecho do meio” (entre os km 250 e 655,7) da rodovia. “O movimento vai além da luta pela pavimentação, nós também temos outras lutas em comum, como a preservação da nossa fauna e flora”. A respeito da dificuldade de trafegar pela rodovia no inverno amazônico, Marsílio afirma: “Há muito tempo atrás quando começava a chover já parava a estrada, não passava mais nenhum tipo de carro. Ao longo dos últimos 4 anos, dos 6 meses de chuva, em pelo menos 3 meses é possível andar. Hoje tem passado caminhonete com pneu traçado em todo período de chuva. Os prejuízos anos atrás eram inúmeros: água entrando no motor, o radiador era furado, e muitas vezes não tinha mais condições de usar o carro. Hoje em dia os danos são menores, e somente durante o período chuvoso.”
A Associação Amigos da BR-319 foi criada em 1980, retomou as atividades com respaldo jurídico em 2016. Possui 9,469 associados, 40 grupos no Whatsapp e 60 mil seguidores no Facebook. O movimento representa os defensores da BR-319, colhendo quase 100 mil assinaturas por meio de um abaixo-assinado a favor da repavimentação da rodovia. Autora: Beatriz Farias
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Boa parte da alimentação da população amazonense é à base de peixes, mas desde o dia 22 de agosto o consumo de pirapitinga, pacu e tambaqui tem representado risco. Dez municípios do Amazonas registraram casos de rabdomiólise, ou “doença da urina preta”, com maior número em Itacoatiara, município a 176 quilômetros de Manaus. A doença acontece com a destruição de células musculares esqueléticas, onde há a liberação de substâncias celulares para a corrente sanguínea. Os principais sintomas são palpitação e rigidez muscular, boca seca, náusea, vômito, dor no tórax, mal-estar, falta de ar e febre e surgem entre duas e 24h após o consumo do peixe. A Secretaria de Saúde do Amazonas (SES-AM) emitiu uma nota no dia primeiro de setembro em que orientou a restrição do consumo das espécies no município de Itacoatiara e recolheu amostras de alimentos e da água da região para tentar identificar o motivo do aparecimento da doença. O surto vem preocupando os amazonenses, mas não é a primeira vez que acontece na região. Em 2008, foram registrados 27 casos. Já em 2015, 74. Em 2021 foram registrados 78 casos suspeitos: 63 compatíveis, 15 foram descartados, sendo 38 em Itacoatiara, seis em Parintins, quatro em Urucurituba, seis em Manaus, três em Silves, dois em Maués, um em Autazes, um em Caapiranga, um em Manacapuru e um em Itapiranga. No dia 17 de setembro, o reitor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Sylvio Mário Puga, assinou a portaria N°1499 para instituir que servidores componham um grupo de trabalho para estudar os casos da doença da urina preta no Amazonas, a partir das análises de amostras do pescado. O grupo contará com oito professores da Universidade, das Faculdades de Ciência Farmacêutica, Ciências Agrárias do Instituto de Ciências Biológicas e do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Enchente pode justificar surto
Pesquisadores tentam descobrir a motivação do surto da doença no Amazonas. Segundo Jesen Zuanon, do Instituto Nacional de Pesquisa na Amazônia (Inpa), ao Amazônia Real, a grande enchente e a aproximação biológica entre os peixes no Amazonas podem justificar. Segundo ele, a alimentação dos peixes é parecida e são encontradas nas regiões onde são capturados e que foram afetadas pela cheia histórica de 2021, como Itacoatiara. Esses peixes tiveram acesso a outras áreas devido à subida dos rios e acumularam as toxinas em suas musculaturas. “Isso me indica que é bem provável que a origem dessas toxinas esteja em alguma planta naquela região de Itacoatiara, onde esses peixes têm sido consumidos e capturados”, afirma o pesquisador. Medidas de controle a serem tomadas Algumas medidas podem ser tomadas para evitar a doença ou caso haja a suspeita: evitar comer pescados crus, de origem ou armazenamento desconhecido, observar a cor da urina, não usar anti inflamatórios, ir a uma unidade básica de saúde e identificar outras pessoas que também consumiram o alimento caso haja o aparecimento dos casos. Segundo a Associação de Piscicultura Brasileira, os peixes criados em cativeiros não oferecem risco ao serem consumidos, como o tambaqui, por exemplo. Segundo a instituição, nenhum caso registrado foi notificado a partir dos peixes que são criados em ambientes controlados. Autora: Rayane Garcia Referências http://www.amazonas.am.gov.br/2021/09/vigilancia-em-saude-atualiza-cenario-epidemiologico-de-casos-suspeitos-de-rabdomiolise-no-amazonas/ https://amazoniareal.com.br/surto-da-urina-preta-prejudica-pescadores-no-amazonas/ Conforme a tecnologia avança, uma série de ferramentas são criadas para auxiliar diariamente a vida da população: aplicativos e programas, sites, páginas, entre outros. O APP de transporte privado Uber e serviços de GPS, como Waze e Google Maps, são alguns dos mais conhecidos aplicativos voltados à mobilidade urbana. Já aos usuários de transporte público de Manaus, por exemplo, há a possibilidade de se informar sobre os horários e a localização dos ônibus por meio do aplicativo “Cadê meu Ônibus”, e obter informações atualizadas a respeito de frotas acessando as redes sociais do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (SINETRAM). Uma das alternativas disponíveis que facilita a vida do cidadão manauara é a página Trânsito Manaus, criada, em 2009, com intuito de informar a população em tempo real acerca do trânsito na capital amazonense. Atuando diariamente de forma colaborativa com a população, o Trânsito Manaus conta com mais de 874 mil seguidores no Instagram, Facebook e Twitter, sendo hoje referência ao trazer notícias em tempo real a respeito do trânsito da cidade. O perfil foi criado, em 2009, no Twitter pelo CEO Luis Eduardo Leal, na época estudante de Educação Física da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), que utilizava o transporte coletivo e viu a necessidade de um canal que tivesse como objetivo informar sobre possíveis imprevistos no trajeto até a universidade. Hoje, a atuação se expandiu para demais redes sociais e seu conteúdo, além da notícia e informação, também tem publicações com foco educativo. A página recebe em média 100 depoimentos por dia por meio das redes sociais, sendo grande parte acerca de problemas em relação ao asfaltamento em Manaus. Em entrevista ao Ateliê Amazônico, o coordenador da página Trânsito Manaus comenta essa questão: “O asfalto tem um problema complexo, uma estrutura antiquíssima na base, embaixo do asfalto, sendo necessário um nivelamento, com o uso de maquinário correto para que haja um reparo digno nas vias”. O canal de depoimentos aberto à população funciona por meio de mensagens privadas nas redes sociais ou via Whatsapp oficial da página. Ainda segundo o Administrador do Trânsito Manaus, a coleta de informações também ocorre por meio de monitoramento de grupos no Whatsapp e visita presencial da equipe da página nos bairros de Manaus. Após a coleta e a curadoria das informações é feita a publicação nas plataformas, chamando a atenção dos órgãos públicos responsáveis e possibilitando a interação do público por meio dos comentários. O perfil Trânsito Manaus faz, desde sua criação, um trabalho necessário e que facilita a vida de muitos manauaras, utilizando a tecnologia e a facilidade que as redes sociais oferecem. Com maior consciência da população a respeito dos problemas de infraestrutura da cidade, a demanda às autoridades e aos órgãos aumenta, o que faz com que Manaus passe cada vez mais por adaptações e melhorias em suas vias: implantação de redes de drenagem, ações de recuperação e obras preventivas. Iniciativas como Trânsito Manaus servem de inspiração para futuras ferramentas, mesclando tecnologia e praticidade.
Autora: Beatriz Farias Referências https://www.instagram.com/seminf_manaus/?hl=pt-br https://www.instagram.com/transitomanaus/?hl=pt-br https://twitter.com/TransitoManaus/ A falta de conscientização ambiental quanto ao descarte de lixo em locais inapropriados não é exclusiva de nossa época, pelo contrário, a pauta tem ganhado muito mais evidência nos últimos anos, até porque, quanto mais frequente é a ausência de um pensamento coletivo para acabar de vez com a poluição nas cidades, mais difícil é conseguir fazer exigências para que os cidadãos tomem posturas que evitem a poluição. Em Manaus, existem realidades socioeconômicas bem diferentes, principalmente quando o olhar é direcionado para as margens dos rios e igarapés da capital amazonense. No caso dos igarapés, 150 no total, é possível notar que não existe uma consciência expressiva da população local quanto ao descarte inapropriado de lixo nessas áreas. Soma-se essa realidade sem uma educação ambiental adequada a uma presença deficiente das autoridades públicas para a preservação e limpeza dos cursos d’água, realizando assim uma coleta insuficiente. O resultado é caracterizado como um dos problemas ambientais mais sérios de Manaus. Para além dos conflitos pandêmicos que estamos passando em decorrência do coronavírus, outros acontecimentos históricos têm abalado a cidade de Manaus. É o caso da cheia histórica do Rio Negro, que alcançou seu nível recorde de 30 metros, ultrapassando o nível alcançado em 2012, de 29,97 metros. Por se tratar de um acontecimento inédito, tem se tornado comum encontrar pessoas posando para fotos em meio à tragédia, principalmente no Centro, tratando o local como mero ponto turístico. Fato é que a cheia tem afetado diretamente moradores que se situam nas redondezas nos últimos dias. A água, além de adotar o perfil de vetor para disseminar doenças ao tomar o seu lugar de origem com as cheias, também tem sido responsável por espalhar lixo e mais lixo para os igarapés da cidade. Usemos como exemplo o Igarapé do Quarenta, que percorre alguns bairros da Zona Sul da capital, principalmente o Educandos, e que antes mesmo já apresentava poluição em muitos de seus pontos de destaque, presentes nas principais avenidas adjacentes a ele. O que se vê é a geração de problemas sucessivos, exemplificando a falta de atitudes rígidas para a resolução mais eficiente da situação. Na vazante, o cenário não é muito diferente. Em 2017, após o nível de água do Rio Negro baixar, a orla do Educandos revelou uma quantidade enorme de lixo, vindo em sua grande maioria através do Igarapé do Quarenta, que ainda é alvo de muitas fábricas do Polo Industrial de Manaus para despejo de metais pesados, como chumbo e arsênio. Cerca de 1 milhão de reais é gasto mensalmente para retirar toneladas de lixo dos igarapés da capital, dinheiro esse que poderia ser revertido em políticas públicas, como a chamada logística reversa, que consiste em exigir que as empresas adotem a responsabilidade de apanhar seu próprio lixo. Segundo dados apresentados no Fórum Amazonas Lixo Zero, que aconteceu no último dia 31 de maio, só 0,5% do lixo considerado reciclável tem seu destino correto em Manaus, os outros 99,5% acabam parando em locais como lixões ou igarapés, um número que preocupa bastante. O evento teve como objetivo a implementação de modelos de tratamento do lixo mais rígidos para serem executados não só na capital, mas também no interior do Estado. Dentre o que foi dito no evento, destaca-se uma frase do deputado Fausto Jr, em ele afirma que “o problema do lixo não vai se resolver sozinho”, além disso ele fala em “educar a população”. Com certeza, é necessário garantir esse trabalho conjunto com a população para encontrar a melhor resolução desses problemas, levando em consideração também que são ensinamentos que podem vir a ser repassados de geração em geração. Como dito anteriormente, a pauta tem ganhado muito mais relevância, muito por conta da agravação contínua do tanto de lixo que é produzido. Zero Lixo Nesse sentido, há quem assuma essa dura responsabilidade de tentar conscientizar outras pessoas a lidar melhor com o lixo que produz em Manaus. É o caso do Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB), fundado em 2010, representando a Zero Waste Alliance (ZWIA), com primeiro embaixador em Manaus a partir do ano de 2019. Eles estão presentes no Instagram (@manaus_lixo_zero) e no Facebook (https://www.facebook.com/manauslixozero), sempre atualizando seus perfis com informações para conscientizar a população, disseminando o conceito de “lixo zero”, que consiste no melhor aproveitamento possível de recicláveis e orgânicos, além de evitar a ida dos materiais para aterros sanitários, pautados nos chamados "R's do Conceito Lixo Zero: repensar, reutilizar, reduzir e reciclar." Sobre a apresentação do conceito de lixo zero, Daniel Santos, biólogo e embaixador do Instituto Lixo Brasil, destaca a importância de influenciar bons hábitos: “A responsabilidade de mudar uma pessoa começa primeiro por nós, para que possamos ser espelho ao próximo, não é algo fácil, mas também não é impossível. Muitos querem fazer a coisa certa, mas por conta de falta de orientação e informações acabam se desmotivando a continuar e nossa missão é fazer com que isso não ocorra”. “A educação é base de mudança para quaisquer temas de uma sociedade, e o “lixo” não é isento a isso. Devemos trabalhar a educação formal e não formal (dentro e fora da escola). As escolas, faculdades, universidades devem ser cases de sucesso para essa transformação”, enfatizou.
Daniel comentou ainda sobre o resultado obtido até então pelo projeto: “Em nosso terceiro ano de atuação, percebemos que já estamos contribuindo com a sociedade para o aceite do conceito lixo zero, seja por meio de eventos, informações e de nossas redes sociais e de nosso site/app que traz os locais de onde pode ser fazer o descarte correto dos resíduos em Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) e das Associações e Cooperativas de Catadores, além de outras informações que vamos atualizando. Percebemos que aos poucos vamos mudando a nossa triste realidade da gestão dos nossos resíduos”. Autor: Karlos Sena Referências https://amazonialatitude.com/2020/09/11/espaco-no-igarape-quarenta-manaus-poluicao/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=espaco-no-igarape-quarenta-manaus-poluicao https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2021/06/05/cheia-recorde-rio-negro-atinge-30-metros-e-ultrapassa-em-3-cm-a-maior-enchente-em-119-anos.ghtml https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2021/05/23/rua-alagada-pela-cheia-do-rio-negro-recebe-instalacao-sobre-excesso-de-lixo-em-manaus.ghtml https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2021/05/13/com-cheia-do-rio-igarape-do-40-em-manaus-volta-a-registrar-tapete-de-lixo.ghtml https://www.acritica.com/channels/manaus/news/vazante-do-rio-negro-revela-cenario-de-lixo-e-preocupa-moradores-da-orla-do-educandos https://amazonasatual.com.br/forum-lixo-zero-discute-alternativas-para-acabar-com-lixoes-e-poluicao-de-igarapes/ No mês de janeiro de 2021 o Amazonas viveu a pior fase da pandemia da Covid-19 desde seu início, em março de 2020. Com uma nova variante (P1) e com os altos casos confirmados do novo coronavírus, o Sistema Único de Saúde (SUS) entrou em colapso com a falta de oxigênio e de leitos para atender a população contaminada pelo vírus. Apesar do sistema de saúde ter colapsado e nesse mesmo mês o estado ter registrado o maior número de casos diários de contaminação, no dia 13 de fevereiro o Governo do Amazonas publicou mudanças no decreto de circulação do estado, em que algumas medidas restritivas de combate a Covid-19 foram flexibilizadas, como ampliação de horário de funcionamento dos setores do comércio, do serviço e da indústria. Desde então se seguiu uma série de novos decretos que ajustaram o funcionamento de estabelecimentos comerciais e industriais. Atualmente, o decreto que vigora no estado permite o funcionamento do comércio em geral, balneários, parques aquáticos, clubes recreativos, shoppings, salões de beleza e aulas presenciais na rede privada de ensino desde os anos iniciais e até o ensino médio. Por conta das novas flexibilizações no decreto governamental, de muitos registros de aglomeração e da falta de cumprimento das medidas de prevenção à Covid-19, especialistas e governantes já preveem uma terceira onda que pode atingir o Amazonas nos próximos meses, de acordo com o epidemiologista Lucas Ferrante e o Secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campelo. Aglomerações no Amazonas Após a publicação do decreto 43.597, de combate à Covid-19, o estado registrou número significativo de eventos que geraram aglomerações sem o cumprimento das medidas sanitárias. No dia 27 de março, em um condomínio de luxo na capital amazonense, localizado na avenida Efigênio Salles, bairro Aleixo, uma festa organizada por um filho de um empresário amazonense reuniu cerca de 50 pessoas e contou com atração nacional. O evento está em processo de investigação pela polícia. Um dos eventos que também chamou atenção foi a aglomeração de pessoas na Praça do Caranguejo, no Conjunto Eldorado, no dia 9 de abril. Ignorando as medidas sanitárias, a população lotou o local. Após os acontecimentos, o Governo do Amazonas proibiu o funcionamento da praça do Caranguejo, mas a situação logo foi revertida por pressão dos comerciantes. Outras denúncias de festas com mais de 300 pessoas em bares, barcos e condomínios foram notificadas pela polícia militar do estado. No dia 18 de abril, a Central Integrada de Fiscalização (CIF) interditou a balsa Ana Caroline que iria transportar mais de 800 pessoas. Outras 19 embarcações foram embargadas só neste ano pelo mesmo motivo. Terceira Onda Segundo o Atlas ODS Amazonas, que reúne dados e indicadores específicos do Amazonas, desde março há uma redução no número de casos e de óbitos, que se estabelece em patamares altos, tal qual o mês de dezembro de 2020, o que pode significar que, ou os índices de incidência se encontram em diminuição e podem continuar reduzindo ou é um alerta para uma nova crescente, já que o número ainda é considerado alto e tendo em vistas as mudanças no decreto governamental. Apesar de flexibilizar as medidas, o governador do Amazonas, Wilson Lima, afirmou que uma terceira onda no Amazonas é inevitável e que o governo já se prepara para um possível colapso do sistema. O secretário de saúde, Marcellus Campelo, especulou que é possível que esta nova onda aconteça em 60 dias - a contar do dia 6 de abril, quando a afirmação foi feita mesmo sem nenhum embasamento técnico. Os pesquisadores que previram a segunda que atingiu a Capital alertaram que sem medidas como vacinação em massa e lockdown de pelo menos 90% da população, o Amazonas viverá uma nova onda com a possibilidade de uma nova cepa ser gerada, podendo ser resistente às vacinas que já existem. Segundo o pesquisador da tese da segunda onda, Lucas Ferrante, biólogo e doutorando do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), até junho 70 mil pessoas podem ser infectadas.
Para o epidemiologista Jesem Orellana, o Amazonas ainda vive a segunda onda da pandemia da Covid-19 e não é possível prever quando acontecerá uma nova onda. Segundo o epidemiologista, para encerrar uma onda os dados devem apontar níveis de incidência muito baixos por pelo menos 3 ou 4 semanas. Na sua análise, o epidemiologista afirma que atualmente os dados apontam que houve uma estabilização dos casos nos mesmos patamares da primeira onda, que aconteceu em outubro de 2020. Autora: Rayane Garcia Referências https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,cientistas-que-previram-colapso-em-manaus-alertam-para-terceira-onda-e-pedem-lockdown,70003609164 https://brasil.elpais.com/brasil/2021-03-06/amazonas-caminha-para-terceira-onda-de-covid-19-com-proliferacao-de-variantes-e-o-negacionismo-da-vacina-e-do-lockdown.html https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2021/04/06/a-gente-esta-se-preparando-para-o-pior-cenario-possivel-diz-governador-do-am-sobre-3a-onda-de-covid-19-no-estado.ghtml https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/04/27/uma-das-razoes-da-cpi-manaus-antecipa-para-o-resto-do-pais-os-desafios-da-covid https://diaadianoticia.com.br/pode-acontecer-daqui-a-tres-meses-ou-mais-e-imprevisivel-diz-epidemiologista-sobre-a-3a-onda-em-manaus/ https://diaadianoticia.com.br/novo-decreto-amplia-horario-de-funcionamento-para-bares-e-restaurantes/ O mundo já deu início à vacinação contra o coronavírus, o Brasil é um deles. Porém, diferente dos demais países, o País acabou se atrasando na vacinação da população. Inicialmente, o País contou com duas vacinas que foram usadas para a imunização, a CoronaVac, do Instituto Butantan com a Sinovac e a AstraZeneca, da Fiocruz com a Oxford. No primeiro dia de vacinação, dia 18 de janeiro, 12 estados, entre eles o Amazonas, iniciaram a imunização. No dia seguinte, todos os estados deram início à vacinação contra a Covid-19. De acordo com a última atualização das pessoas que receberam a primeira dose, dia 28 de março, já foram vacinados 15.504.363 brasileiros, que equivale a cerca de 7,32% da população do país, enquanto a aplicação da segunda dose resulta em 4.699.784 imunizados, equivalente a 2,22% de pessoas. O atraso da vacina no país Um dos fatores que colaborou para essa situação foram os acordos feitos tardiamente, já que vários países fecharam contratos com empresas que começaram a produzir vacinas no ano passado. O presidente, Jair Bolsonaro, se recusou a adquirir as vacinas que já estavam sendo oferecidas pelo mundo, além de ter atos antiéticos, indo de encontro às recomendações da comunidade científica e promovendo aglomerações ao longo deste e do ano passado. Além disso, ignorou e questionou o uso de máscaras e responsabilizou os governadores dos estados como os principais culpados pelo cenário da Covid-19 no país. As declarações feitas pelo presidente têm sido também um dos fatores principais para o crescente movimento antivacina e o negacionismo. O chefe de Estado chegou a declarar que não arcaria com as consequências se caso algum cidadão “virasse jacaré” por ser imunizado contra a Covid-19 , e completou estimulando a não obrigação do brasileiro em se vacinar. O presidente também tem criticado o isolamento social, deixando evidente a falta de empatia para com as mais de 300 mil vítimas fatais da doença no Brasil, marca atingida no dia 24 de março, e ignorando a periculosidade do vírus, considerando-o apenas a uma “gripezinha”. A vacinação no Amazonas O Governo Federal enviou 256 mil doses para o estado do Amazonas, então a vacinação deu-se início em Manaus com a imunização da profissional de saúde e indígena Vanda Ortega do povo Witoto. Logo após, as doses da vacina foram distribuídas para a capital e para o interior, inicialmente para 21 municípios. No dia 28 de março, o estado já tinha imunizado um total de 415.456 de pessoas, equivalente a 9,87% de amazonenses, já a segunda dose conta com 124.411, sendo 2,96% da população. Além das crises de saúde que afetaram o estado, tais como a falta de leitos e a falta de oxigênio, o Amazonas enfrentou outro problema, os "furadores da fila” para a imunização contra o coronavírus. As críticas surgiram pois a maioria das pessoas imunizadas não faziam parte dos grupos prioritários e, apesar de serem da área da saúde, são recém-formadas e possivelmente não estavam na linha de frente no início da pandemia. O que a população pode fazer? Com o atraso da vacina, o crescimento de infecções, uma possível nova onda de Covid-19 podem surgir. Portanto, as medidas de proteção devem ser respeitadas, evitando ao máximo sair de casa, e se sair, utilizar máscaras e álcool em gel, além de manter o distanciamento social. O Brasil já soma 300 mil mortes devido à doença e enquanto estamos esperando as vacinas chegarem para todos, seguir as recomendações dos especialistas é o mais indicado nesse momento. Ministério de Saúde Aplicativo Coronavírus-SUS Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Autor: João Vitor
Na segunda sexta-feira do mês de fevereiro, 12, a UFAM publicou pela primeira vez em seus canais oficiais um calendário acadêmico definitivo referente à volta às aulas. Sem atividades presenciais desde 13 de março do ano passado, a Universidade precisou lidar com os diversos contratempos trazidos pela pandemia. Quando a Administração Superior da Universidade suspendeu todas as atividades por 15 dias, de 16 a 30 de março do ano passado, ainda não se tinha noção do que viria pela frente. Hoje, prestes a completar um ano funcionando de forma remota, a UFAM se prepara, após muitas críticas devido à demora, para o início do semestre 2020/1. No segundo semestre de 2020, diversos cursos da Universidade ofertaram disciplinas, optativas e obrigatórias, por meio do Ensino Remoto Emergencial (ERE). Com a tentativa, apoiada por grande parte dos alunos e dos cursos, pôde-se aproveitar parte do tempo perdido dos primeiros meses da pandemia. Grande parte das Universidades, e até mesmo escolas, espalhadas pelo país, adaptaram-se ao método das aulas on-line, porém o grande questionamento dos discentes era: por que se esperou quase um ano para o lançamento do Calendário Acadêmico Oficial. O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFAM (CONSEPE), na tarde da quinta-feira, 11 de fevereiro, deliberou que o início do semestre letivo 2020.1 será dia 29 de março deste ano. A decisão foi tomada na quarta sessão do Conselho e faz parte da Resolução que dispõe sobre as diretrizes de retorno das atividades acadêmicas da graduação e seu respectivo Calendário Acadêmico. De acordo com o pró-reitor de Ensino e Graduação e membro do CONSEPE, professor David Lopes, em nota publicada pela Assessoria de Comunicação da UFAM (ASCOM), foi decidido, de forma colegiada, que a partir do ano civil de 2021 haverá três semestres letivos, cada um com 90 dias, referentes à 2020/1, 2020/2 e 2021/1. A equipe do Ateliê Amazônico conversou com três estudantes da UFAM, para que se pudesse averiguar o que eles achavam de tal decisão. Os entrevistados foram: Daniel Oliveira, do 5º período de Relações Públicas, João Victor Ribeiro, do 3º período de Biologia e Victoria Freitas, do 3º período de Arquitetura e Urbanismo. Ateliê: Para você, o quão prejudicial foi ficar quase um ano com o Calendário Acadêmico suspenso, restando apenas o ERE? Daniel: Acho que o pior foi a sensação de ficar sem "nenhum norte", ou seja, não ter uma certeza de quando as atividades começariam ou pelo menos uma ideia concreta. João: Não foi totalmente prejudicial, pois parte dos departamentos do curso aderiram ao ERE, com exceção das disciplinas que necessitavam de aulas laboratoriais e de campo. Porém, a exaustão para conseguir cumprir a carga horária extensa das disciplinas do curso em poucos meses foi notável. Victoria: O fato de perder um ano não foi fácil para ninguém, muito menos para mim, muito dos planos que fiz, para com a Universidade, foram colocados de lado ou mudados, isso sem contar a falta de respostas da UFAM para o retorno. Ateliê: Por quais motivos, na sua opinião, a UFAM demorou tanto para preparar a voltaàs aulas? Daniel: Existem muitas possibilidades, devemos levar em conta que devido aos altos níveis de contaminação da Covid-19, foi difícil, no primeiro momento, traçar um calendário correto e pensado para alcançar todas as unidades da UFAM. Porém, depois de muito tempo de atividades suspensas, e funcionando de maneira remota, já está na hora de encontrar alternativas para o retorno das aulas. João: O tempo no qual a Universidade levou em realizar a primeira consulta sobre a adesão do ensino remoto, para mim, foi o responsável pela demora. A situação em que o estado do Amazonas se encontrava durante a primeira onda na pandemia pode ter contribuído para o atraso. Era necessário avaliar como os casos no estado iriam se comportar para realizar uma discussão, uma votação e a aplicação do plano de biossegurança. Somente com a aprovação do plano seria possível pensar na elaboração de um calendário acadêmico e em como funcionaria a volta às aulas. Todos esses aspectos dificultaram para que a UFAM demorasse para preparar um retorno. Victoria: A questão da volta às aulas no meio da pandemia, que ainda não terminou, não seria fácil para nenhuma instituição resolver, são muitas questões a serem pensadas, como: as pessoas sem acesso à internet, as pessoas que dependem do transporte público e o principal que seria as aglomerações devido ao alto número de alunos. Ateliê: Você acredita que o retorno, de maneira virtual, é melhor do que ficar sem aula? Por quê? Daniel: Sendo sincero, considero um mal necessário. Pessoalmente, tenho certa dificuldade com as aulas online, porém precisamos retornar com nossas atividades. Sem contar que existem diversos alunos esperando para se formar, muitos cursos conseguem adaptar suas metodologias para esse formato, e sem falar que escolas e universidades no país todo precisaram adotar esse método, até porque, precisamos dar prosseguimento às atividades acadêmicas em vez de apenas ficar parados e esperando um dia certo para ser declarado o fim da pandemia. João: Sim. Porém cabe à Universidade assegurar que todos os discentes tenham acesso aos meios necessários para a realização de um ensino remoto. Além disso, existem outros impasses, principalmente aos cursos do interior do Amazonas, afinal a UFAM é uma grande Instituição, não tendo como pensar somente nos estudantes da capital. Acredito que foi possível observar erros e acertos com a realização do período especial no ano passado, e com isso conseguir adaptar-se melhor para um possível retorno às aulas este ano, ainda que remotamente. Pessoalmente, o ensino virtual no último ano foi uma boa experiência. Victoria: Depende das matérias que serão ofertadas. As que detém um material teórico maior são facilmente aplicáveis de maneira virtual, porém, a partir do 3º período de Arquitetura, grande parte das minhas matérias seriam de caráter prático, o que exige o aprendizado presencial. Mas, no geral, é bem melhor adiantar o que for possível do que ficar parada. Embora as opiniões sejam diversas, há um consenso: todos querem o quanto antes voltar a estudar. A demora foi justificável, com os avanços do Covid-19 não era possível retornar presencialmente ou de maneira híbrida, mas é notório o quão prejudicial foi a Universidade não proporcionar aos seus alunos uma possibilidade de Ensino Remoto no início da pandemia. Agora, nesta tentativa de retorno, busca-se recuperar o tempo perdido o mais rápido possível. Autor: Luan Tavares O terror das últimas semanas no Amazonas O Amazonas vive hoje o seu maior colapso de saúde pública. Prestes a completar um ano lidando com o advento da pandemia do Covid-19, o maior estado em área geográfica do país lida diariamente com números que se multiplicam e que propagam pânico geral. Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar a Emergência de Saúde Pública (25 de abril de 2020), o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado/Fundação de Vigilância em Saúde, acionou o Comitê Estadual de Emergência de Saúde Pública para elaborar e divulgar um plano de contingência. Naquele momento, não se tinha ideia das proporções que o vírus iria progredir no Amazonas, porém com medidas não tão cautelosas tomadas naquele período, o Estado vive hoje as consequências e estampa diariamente os holofotes das imprensas nacional e internacional, não pela sua beleza inigualável ou por seu povo caloroso, mas sim pelo descaso que a saúde é tratada no Estado. Em entrevista à CNN, o governador do Estado, Wilson Lima (PSC), culpou as festas clandestinas ocorridas no final de 2020 como as principais responsáveis pela ascensão dos casos e mortes nas últimas semanas: “Algo que contribuiu muito para o aumento significativo dos casos no Amazonas foram as festas clandestinas. As pessoas nas festas passavam copos de bebida de boca em boca. Aquilo foi fatal, não tinha outro caminho senão as pessoas serem infectadas.” Desde o início do ano, os números não param de crescer. O Amazonas registrou 4.420 novos casos de Covid-19 no dia 30 de janeiro, com 150 sepultamento somente em Manaus. Até então, esse foi o maior número de novos casos registrados no Estado desde o início da pandemia, em março de 2020. Em tempos com números assustadores, é normal esperar uma reviravolta positiva, afinal é tudo que se precisa agora, porém a realidade é outra, a situação em que o Estado se encontra é alarmante e está longe de acabar. Rúbia Gomes, estudante do 5º período de Relações Públicas na UFAM, perdeu recentemente sua avó para a Covid-19, e em entrevista ao Ateliê Amazônico comentou sobre como está a situação nos hospitais públicos da cidade e os últimos momentos de dona Eliza: “Impotência não descreve nem a metade do sentimento agora, até sobressai a tristeza. A minha avó sempre foi bem assistida pelas minhas tias e quando elas procuraram por socorro foi de um descaso total. Diziam que o estado dela era estável, mas a realidade era outra, entrou no sábado e saiu segunda com as mesmas roupas, morta. Eles foram avisados que ela tinha oxigênio próprio e ainda assim mantiveram ela usando oxigênio racionado do hospital. Foram três dias em condições que nunca vamos descobrir: se ela sofreu ou não. Ela morreu sozinha no meio desse caos e não está mais aqui para contar”. A ajuda de jovens em meio ao caos Em meio à situação crítica dos hospitais, jovens, em conjunto com ONGs, iniciaram campanhas nas redes sociais para tentar receber diversas doações, que continuam a contribuir para o reestabelecimento da normalidade, não vista há muito tempo, na cidade. Camila Batista, estudante do 3º período de Direito na UFAM, fez parte da iniciativa “Vidas Nortistas”, criada para arrecadar doações em dinheiro para a aquisição de EPIs, medicamentos e cilindros de oxigênio para os principais hospitais, SPAs e UBSs da cidade. Ela comenta como foi importante o papel das redes sociais nesse período tão caótico: “Grande parte do sucesso do projeto se deu pelas redes sociais. O Instagram e o Twitter, esse último em especial, tornaram-se uma gigantesca rede de informações, divulgação e pedidos. Os jovens entre 17-28 anos foram essenciais ao subir tags, pois puderam trazer a atenção da grande massa brasileira para o estado do Amazonas. Com o barulho feito nas redes sociais, pudemos atrair a atenção de artistas, doadores e dezenas de milhares de apoiadores nas redes sociais.” Ainda em relação ao projeto “Vidas Nortistas”, Camila complementa: “Em diversos momentos, todos nós chegamos ao extremo em relação à nossa saúde mental. Durante a semana de arrecadação, conseguimos por volta de R$ 10 mil, todos convertidos em doações, o que não chega nem perto do que os hospitais precisam. Nesses instantes, é lindo ver artistas doando centenas de cilindros de oxigênio ou enormes quantias em dinheiro, porém jamais devemos esquecer quem são os verdadeiros responsáveis. Enquanto nós, jovens, estávamos nas ruas nos colocando em risco na forma de um vírus que só piora, os encarregados por tais atividades se negaram a ajudar e não aplicaram as dezenas de milhões que deveriam ser investidos na saúde do Estado.” A falta de oxigênio mostrou a face mais cruel da pandemia. Porém, o problema de Manaus e do restante do estado do Amazonas não está exclusivamente na ausência desse ar tão importante, embora continue faltando em determinados unidades de saúde do Estado e os familiares dos pacientes continuem adquirindo os cilindros com recursos dos próprios bolsos, mas no comportamento de todos os envolvidos: da ausência de assistência dos governos, em suas três esferas, do comportamento das pessoas em se aglomerarem e não usarem máscara, do não crédito à ciência até a trágica campanha de vacinação, com seus inúmeros casos de fura-fila. Os fatos recentes mostraram ao mundo uma das maiores tragédias da saúde pública já documentadas na história recente. É essencial permanecer em casa durante o período crítico vivenciado no Estado. Por isso, o Ateliê Amazônico recomenda que se você não precisa sair para trabalhar, fique dentro de casa. Ficar isolado é difícil, mas é importante na batalha contra a Covid-19. Autor: Luan Tavares O problema com a falta de abastecimento elétrico na cidade de Manaus não é novidade para ninguém, sempre sendo pauta durante a semana em algum portal local devido à “queda” de energia e a demora no reestabelecimento. A interrupção no fornecimento elétrico permanece sendo um problema frequente. São inúmeros os problemas ocasionados, que vão desde a perda de alimentos para consumo e de componentes elétricos, até o atraso no cumprimento da jornada de trabalho ou de estudo que são feitos em grande parte por meio on-line com o uso da internet, e na questão da saúde que tem prejudicado e ocasionado estresse por essa situação levando a mais adoecimentos para diversas famílias.
De acordo com pesquisa realizada setembro pelo Instituto Estadual de Defesa do Consumidor (PROCON-AM), o ranking das empresas mais reclamadas de 2020 segue com a Amazonas Energia no topo. A concessionária teve 1.748 registros no atendimento geral do órgão, além de 815 processos em andamento no período entre dois de janeiro e 30 de setembro deste ano. Solução No Brasil 92% da energia vem de fonte hídrica, tornando importante a diversificação do nosso parque gerador, assim como medidas de conservação, para aumentar a oferta de energia elétrica no país, tentando acompanhar a demanda, que desde o início da privatização do setor elétrico, em 1995, tem acompanhado o crescimento do PIB sem o devido acompanhamento por parte da capacidade geradora ou aumento da oferta de eletricidade. A deficiência de energia hoje é pela falta de investimento que faz o sistema tornar-se vulnerável e inseguro. A indústria de eletricidade no Brasil precisa ser reestruturada, mudando de uma matriz elétrica, a qual depende de variações climáticos para que funcione, para uma matriz competitiva, que atenda a necessidade e contribua para o crescimento econômico em tempo suficiente.. Essas alternativas propostas para aumento da oferta de eletricidade no Brasil, devem ser incorporadas visando um desenvolvimento no mínimo autossustentável, quando da não possibilidade de sustentável. Outro ponto importante de se destacar é a conservação de energia elétrica, quer seja, em nível industrial, como em nível residencial. É possível e válido sempre, mas não vai resolver, por si só, os problemas relacionados com a pouca oferta e o elevadíssimo aumento de demanda. Além destas posturas, se torna fundamental o investimento em novas fontes geradoras. Autor: Marcelo Mendes Referências https://www.acritica.com/opinions/a-falta-de-energia-eletrica https://www.epe.gov.br/pt/imprensa/noticias/resenha-mensal-o-consumo-de-energia-eletrica-no-brasil-totalizou-37-715-gwh-em-julho https://amazonasatual.com.br/falta-de-energia-na-ufam-interrompe-colacao-de-grau-de-quatro-turmas/ O congestionamento é mais frequente na Zona Centro-Sul da cidade Um dos principais problemas da capital do estado do Amazonas é a mobilidade urbana: a falta de um planejamento urbano afeta diariamente a população que sofre com horas perdidas no trânsito por conta dos engarrafamentos. Esse cenário prejudica diretamente a saúde e o bem-estar dos motoristas e de quem depende do transporte público. De acordo com o artigo Temporalidades no trânsito urbano de Manaus, publicado pelos pesquisadores Karina Gonçalves Teixeira e Gláucio Campos Gomes, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a ausência de conexão das ruas entre os bairros reduz as alternativas de circulação, concentrando boa parte do fluxo de veículos a poucas e tortuosas vias. “Com base nos estudos realizados pela atual Prefeitura de Manaus para a elaboração do Projeto de Mobilidade Urbana 2015, estima-se que o tempo consumido diariamente pela população em circulação em ônibus e automóveis é 1,1 milhões de horas.” (2016, p. 160) Figura 1 – Engarrafamento na Avenida Cosme Ferreira, bairro Coroado. Foto da autora. Em entrevista ao Ateliê Amazônico, a auxiliar de serviços gerais, Waldenice Diniz, explica sua rotina diária para chegar ao seu trabalho, localizado no bairro Aleixo. “Moro no bairro Cidade de Deus, então para chegar no horário no meu serviço, eu saio de casa às 04h30 da manhã, diariamente. O percurso é de 1 hora e 30 minutos, se eu atrasar um minuto sequer, eu já ia pegar engarrafamento. O que já acontece na hora que eu volto para casa, saio do trabalho às 16h15 e chego em casa às 18h30min. Muito engarrafamento nesse horário na cidade, principalmente nas Avenidas André Araújo, Cosme Ferreira e Autaz Mirim, por onde faço meu trajeto.” Congestionamentos também são comuns para o motorista Erivaldo Rodrigues, que dirige há mais 34 anos. “Faço entregas e abastecimentos em lojas e quando eu começo a trabalhar, no horário de 8 horas da manhã até às 5 horas da tarde, eu enfrento engarrafamento nas principais vias de Manaus. Na Avenida Djalma Batista no sentido centro-bairro ou na Avenida Darcy Vargas, quando tenho que entrar no Amazonas Shopping. Também na Avenida Constantino Nery sentido bairro-centro, principalmente pela parte da manhã por conta das obras. Na Efigênio Sales congestiona tanto pela manhã quanto pela tarde, no horário de pico, atrasa tudo.” As avenidas citadas pelos entrevistados, segundo a pesquisa Temporalidades no trânsito urbano de Manaus, fazem parte de dois eixos viários onde os congestionamentos são mais frequentes. “(...) a) o eixo sul-norte representado pelas avenidas Constantino Nery, Djalma Batista e Torquato Tapajós que ligam o centro à zona norte da cidade e; b) o eixo Leste-Oeste representado pelas avenidas Darcy Vargas, Efigênio Sales, André Araújo e Cosme Ferreira.” (2016, p. 162). Figura 2 Constantino Nery. Fonte: https://d.emtempo.com.br/. Djalma Batista. Fonte: https://www.mobilize.org.br/. Torquato Tapajós. Fonte: https://g1.globo.com/am/amazonas/. Figura 3 - Imagens das Avenidas de Manaus. Fonte: @TransitoManaus Sobre a mobilidade urbana da cidade, a secretaria responsável é o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU).
A solução Em 2010, foi inaugurado o Complexo Viário Gilberto Mestrinho, localizado na interseção das Zonas Sul, Centro-Sul e Leste, sendo, assim, uma interligação entre as avenidas André Araújo, Cosme Ferreira, Efigênio Sales e Rodrigo Otávio. E para maior fluidez no trânsito, em 2015, o complexo viário ganhou duas alças de retorno para veículos de porte pequeno que trafegam nas avenidas General Rodrigo Otávio e Efigênio Sales. Segundo dados do Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans), com essas intervenções a fluidez na rotatória melhorou 15%. Em 2020, a Prefeitura de Manaus desenvolveu ações de mobilidade urbana da cidade. No mês de junho, foi inaugurado o Complexo Viário Ministro Roberto Campos, na Avenida Constantino Nery, que interligam as Zonas Oeste e Centro-Sul, com objetivo de melhorar o fluxo de veículos nessas vias. Outra obra prevista para este ano é o Complexo Viário Professora Isabel Victoria, na entrada do conjunto Manoa, que pretende ampliar a mobilidade urbana para os motoristas da Zona Norte de Manaus. Importantes obras são previstas para 2021 para a melhoria no trânsito da capital. O Anel Leste e o Anel Sul (maior complexo viário de Manaus) são importantes para interligação do tráfego de veículos entre as Zonas Norte, Leste e Centro-Sul de Manaus. Com isso, há uma expectativa de que a mobilidade urbana da cidade melhore e avance para um tráfego menos conturbado para os motoristas e para quem utiliza o transporte público. Autora: Erika Rodrigues Referências: Temporalidades no trânsito urbano de Manaus Novos retornos serão construídos na rotatória do Coroado, em Manaus Trânsito é alterado para obras no Complexo Viário do Manoa, zona norte de Manaus Prefeitura inaugura complexo viário Ministro Roberto Campos, na avenida Constantino Nery Wilson Lima destaca melhorias no trânsito da capital após entrega do Anel Leste, prevista para 2021 |
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